21 maio 2007

Conto de Fato

Há muito tempo atrás, em uma sociedade privilegiada pela globalização – não tão distante da nossa - civilizações e cidadãos podiam se encontrar tranqüilamente, com apenas o simples gesto de abrir a fresta de uma janela. O sol, que irradiava o ambiente era resultado de dias e dias, às vezes, anos de uma construção afetuosa e cúmplice. Um piscar, sempre será um piscar. Mas um piscar irradiante pode ser o início de uma trama dolorosamente saudável. Dor que acalenta qualquer coração. E que transcende qualquer barreira.
Piscar ao acaso... para o acaso, bote ser letal. Se estiver perdido qualquer dia e entrar em uma locadora, assim como os povos antigos faziam, e tentar locar um filme “escapista”, ou uma obra que aguce o nosso lado“pensante” , poderá ouvir ao fundo uma canção que harmoniosamente clame “I Wish You Were Here”. Fará um tempo, conversará com a atendente do local, e elogiará a bela música. Quem sabe, num aparece um velho conhecido, daqueles dos tempos de colégio... vai saber ... vivemos de incertezas e de pequenas manifestações do caos, muito semelhante ao efeito borboleta.
O caos nada mais é que a voz que ecoa na escuridão. O grito que se escuta ao longe, ao lado dos trovões. Aquela cinza que cai do céu... A lágrima no rosto das multidões e a alma sabor de fel. A beleza da consciência humana e o prazer de uma vida urbana, turbulenta e atroz.
E foi em meio a esta confusão, em meio a esta complicação que a poesia surgiu. De início, tímida e reticente. O que fez com que o a prosa entendesse que aquele não era o momento oportuno para um elo.
Mas as sucessões de fatos e turbulências uniram os verbos da prosa e da poesia, tornando-as uma obra única. Obra comum de dois, que se confunde quando é enunciada, mas que sempre resiste com vigor e orgulho, pois o verão já terminou faz tempo, e o coração continua a bater; os olhos continuam a sorrir; e as mãos continuam a sonhar.
Não existe conto de fadas.
Não existem príncipes nem princesas.
Existem sapos e anseios.
Anseios que nos aproximam ao aconchego do peito e balbuciam palavras amenas, como “brisas suaves” e nos levam ao reino dos “bons ares”.
Eis que a sociedade e os cidadãos começam a entender seus pequenos conflitos.
O sol volta a organizar nossos pensamentos... Esclarece nossas idéias e acalma a nossa mente, para que enfim possamos deixar o coração novamente livre para bater forte e com um rumo.Fugimos desta confusão...Desaprumamos nossos instintos e abraçamos a calmaria tempestiva da poesia, pois ela pode esconder segredos de uma linguagem duradoura, quiçá, eterna.
Somente assim, a prosa será um conto de fato.

Um comentário:

Anônimo disse...

Conto de fato...
é de fato o conto mais lindo q eu já vi!!!