06 dezembro 2006

Contrastes e sorrisos frenéticos são
A base da alma que a sustenta.
Roda o mundo, em busca de alegria.
Uni-se a tribo do abraço,

Como se fosse a pessoa mais carente.
Ao contrário. És forte e decidida.
Reflexo que seus olhos tentam, de
Uma forma nada discreta, esconder.

Consegue ludibriar o ego daqueles que
A desejam. Não é uma conquista.
Repudia a idéia de ser um troféu,
Um mero prêmio, um mero desejo.

Claro que tem suas fragilidades, mas
Alucinada pela vida, alucinada por sonhar,
Ri de suas derrotas e mal sabe quando vence
Uma batalha. Por mais difícil que seja.

Corre sem destino, sem sentido, sem precisão.
Anda camuflada, descarada, fazendo festa.
Retorna ao centro de si e se abraça.
Única. Também simples e complicada.

27 outubro 2006

Abraço

Toda a vontade que tens neste instante, ainda é pouco perante o desejo que tu esqueceras na noite de ontem.
Cansei de te lembrar que desejo não se esquece, se aquece.
Mas não é isso que quero agora, deixo claro em linhas obscuras que preciso de paz. E desejar você é o maior dos conflitos. Estar contigo, nem pensar... bélico demais. Chega de fogo.
Quero alguém diferente.
Alguém que conduza o sonho, e que não ligue para o tempo, nem para as palavras. Que seja mais forte que uma brisa, menos intensa que um vendaval e tão suave quanto à calmaria de um abraço.
Mas que abraço é esse que é absolutamente inconstante?
Triste quando a alma percebe que o corpo faz coisas diferentes de sua essência.
Escapismo válido, quando é dosado, claro.
Mas e quando nos embriagamos em porres degenerados?
Não faço a mínima idéia.
Chega de tentar encontrar respostas para tudo.
Um brinde ao degeneralismo, um brinde aos lesados, um brinde às incertezas que corroem a alma, destroem o corpo, mas que nos deixam felizes por uma noite.
Quanto à paz?
Um dia ela me abraça.

20 outubro 2006

"Uma brisa conduz um sonho, mas se o tempo impedir que as últimas palavras sejam ditas, deixe a calmaria te abraçar".

12 outubro 2006

Como é ...

De onde será esse prefixo?
Uma ligação não atendida. Mas num faço idéia de quem possa ser...
Pergunto a um anjo. Mesmo com certa dúvida, acredita que seja de Belo Horizonte.
Pronto não há mais hesitação: É de Minas o tal telefone.
O anjo me conforta, mas o telefone volta a tocar. O mesmo telefone. Chega a hora da verdade.
Talvez seja um engano e eu tonto que sou, me preocupo por antecipação e equívoco.
Anda atende logo... Cria coragem rapaz!
Ao lado esquerdo da estante começo a desvendar o primeiro mistério.

- Alô, é o Ricardo?

- Opa! Quem fala?

- Então Ricardo aqui é o João Pedro. Tô sabendo que você anda trocando uns e-mails aí com a minha namorada a Marisa. Cara, li umas paradas lá e num gostei nadinha. Na boa, acho que é melhor vocês pararem com essa conversinha antes que ela fique confusa. Sabe quero um namoro tranqüilo.


- Tranqüilo velho, mas tem uma coisa: faz tempo que a gente só conversa como amigos e nossos e-mails são de uma periodicidade de quase um mês. Ela demora pra caramba pra responder. Pode ficar sussa.

- Valeu, valeu. Só isso que queria saber.


- Ah, mas só que tem um detalhe: não vai ser uma conversa telefônica que vai me impedir de fazer o que quero, muito menos vai fazer com quê eu esqueça de todos os momentos aos quais a Marisa fez parte. ( desligo o telefone)

Bem, acho que depois dessa conversa um tanto quanto amigável ele num vai mais me perturbar.
A insegurança é dele. Eu estou quase do outro lado do Brasil e o cara vem me encher o saco.
Talvez tenha exagerado um pouco na dose, mas sou passional demais. Tão passional que ainda tive a pachorra de mandar um último e-mail a ela, com o endereço dele em anexo, já que ambos vêem as mensagens.
Disse tudo: deixei bem claro que não me arrependia de nada, mas que estava me afastando para deixa-la em paz.
Tomara que ela encontre, porque merece demais.
Ambos podem ter brigado por minha culpa, mas não era essa a minha intenção. Aprendi que mesmo não sendo ele, posso ser feliz aqui. Dou risada desses momentos inusitados.E descubro como é imprescindível manter a confiança em nossas capacidades e limitações, pois ao confiar em nossos sonhos, geralmente somos traídos por nossa própria insegurança.

09 outubro 2006

Ensaio

“Some daqui.
Qual a parte do “acabou” você não entendeu?
Quer que eu desenhe e coloque um anúncio com letras garrafais na frente do seu apartamento?
Se é esse o problema: faço com o maior prazer!
Fique em paz com a sua mediocridade de sempre. Mas fique em paz enquanto é tempo.
Não tenho interesse em saber com quem você está, quais são as novidades, ou quando você lembra de mim. Nada disso me interessa. Entende?
Dá o fora! Simples assim.
Antes achava que tinha ódio de ti.
Hoje, percebo que tenho pena.
Seus atos mesquinhos, suas palavras arrogantes não pertencem mais a mim. Não condizem com o desprezo que sinto nesse momento.
E não adianta ficar com essa cara de espanto não. Você procurou isso.
Quantas vezes será necessário provar que não temos mais nada?
Sinceramente, cansei disso.
Isso.... Vá embora.
Ao perder se tempo aqui, você apenas me fortalecerá.
Olha, sei que não é fácil para você ouvir tudo isso, mas pode ter certeza :para mim tudo isso não passa de um deleite. E ainda é ínfimo perto do que você me fez passar.
Nunca achei que ia amar o meu jeito de te odiar”.

Ele chega...
Ela tenta balbuciar algo...
Mas um simples sorriso do maldito, a faz esquecer de tudo que acabara de ensaiar em frente ao espelho.Na cama, esquece de todo o ensaio, pois agora é hora de odiar o seu jeito de amá-lo.

06 outubro 2006

Gotas de Insatisfação

Chove.
Seus olhos descortinam o tédio debruçado na janela, como se esperasse alguém para o jantar. Não está a espera. Só existe espera.
Após olhar fotografias antigas, reluta em abrir a caixa daquelas manjadas cartas de amores antigos. Porque não rasgou tudo, ou queimou quando estava tomado pela ira?
Na prateleira, CDs que ninguém mais comprará. Por falar nisso, esquecera de ligar o som do comodismo virtual. Abre a mídia. Pronto já tem um background.
A trilha é melancólica como seriam suas palavras, se hoje tivesse a oportunidade de compartilhar com alguém.
Lembra-se que existem várias maneiras de compartilhar sua solidão. Nenhuma delas é o suficientemente atrativa no momento.
Telefone... não!
Sair... não!
Janelinhas piscando...não!
Ler um livro e conversar com a sabedoria...não!
Ignorante e sem prumo volta à janela, debruça-se novamente e observa a chuva caindo, caindo, escorrendo e se perdendo.
Se perde no conhecimento vago daquilo que não viveu.
Inepto.
Tentou explanar o que sentia várias vezes, mas nunca conseguiu. Volta ao seu habitat noturno. Vê um sonho em 14 polegadas e uma página na qual tenta esmiuçar palavras pretensiosas.
Certa feita, disseram que estas palavras eram “chiquetosas” demais. Bobagem pura. Tudo é tão corriqueiro, que sem perceber começa a utiliza-las de forma natural, já não sabe mais o que é coloquial e o que é formal.
Sabe que apenas a chuva continua e a música termina.Sabe que as palavras não passam de consolo. Esquecê-las, nem quando a chuva acabar, nem quando a satisfação voltar.

01 outubro 2006

Perfil III

Lembra?


“Um simples cara complicado, buscando o equilíbrio, sempre desequilibrado. Aquele que não sonha em ser feliz, porque já é feliz em sua realidade sonhadora”.


Cada vez mais simples...

Cada vez mais complicado...

Cada vez mais desequilibrado...


Tudo isso me confunde, pois não sei quando estou acordado e quando faço parte de um devaneio feliz.


Sendo assim, que tal conviver com essa felicidade e esquecer um pouco daquele medo que impedia o encontro com a serenidade?


Lembra?


Se não lembras, vem se perder comigo...

29 setembro 2006

Príncipe ou Sapo?

Ele pode não ser tudo o que eu sempre desejei, mas que foi um desejo muito bom, isso é indiscutível.
Desde a nossa primeira noite, quando me mostrou sem pudor a magia de ser mulher de verdade. Eu juro que não queria. Não naquele momento... Resisti. Mas da mesma forma de sempre, foi mais esperto e me agarrou sem deixar que qualquer linha de raciocínio impedisse que meus lábios fugissem. Era tão simples, tão prático, mas fui envolvida por aquele abraço. Morreria nos braços dele, quantas e quantas vezes a eternidade me pedisse.
Um homem diferenciado, mas com uma simplicidade ímpar, que chega até a me confundir. Príncipe, ou sapo?
Todas as noites que o vazio bate e percebo que poderia encontrar algumas respostas nele, bate uma sensação estranha.
Já não está mais aqui.
E não está, porque assim eu o quis.
Sempre me dizia que era melhor xinga-lo a trata-lo com indiferença. Paguei caro por ser indiferente. Mas não queria ser assim.
Na verdade, não si me expressar. Não sei dizer o que estou sentindo. Nem bem sei se sentia algo forte de verdade, se era só atração carnal. Mas era atração.
Hoje, sei que está sozinho, mas não posso fazer nada. O filha da mãe é muito orgulhoso, jamais entenderia minha mente complicada.
Como se ele fosse um exemplo de decisão e de cara bem resolvido.
Maldito.
Sei que estás à procura de alguém, porque se perdeu durante suas próprias falhas.
Mas nada disso mais me importa.
Tenho certeza que em algum lugar de sua consciência gravou meu nome. Em algum lugar de sua carteira, guardou a entrada de nosso primeiro cineminha. Em algum lugar da sua primeira gaveta, está aquela carta já amarelada, do nosso primeiro aniversário. Em algum lugar do seu coração, está a reminiscência da única mulher que o amou de verdade.
O sol bate forte em meus óculos escuros, que escondem meus olhos marejados.É hora de deixar essas flores aqui a espera que o vento as carregue até os céus, e entreguem ao meu anjo, pois sei que sua doce imortalidade irá me perdoar.

27 setembro 2006

Que Assim Seja

Se for para me abraçar, me beije.
Se for para me entender, me complique.
Me faz menino, homem que sou.
E faz eterno e perecível o amor.

Sou confuso, mas sei que te quero.
Sou impaciente, mas sei que te espero.
E não para agora, e não para amanhã,
Tampouco, para quem não se aventura.

Troque o desejo, pela quietude de estar só.
Quando estiver só, pense apenas em nós.
E quando estivermos juntos, não pense em nada.

Ao cair da noite, mais nada importará.
Se for para me abraçar, me beije.
E se for para me iludir, que assim seja.

23 setembro 2006

Carta ao Leitor

“O Brasil está a uma semana do primeiro turno da eleição presidencial. Mas o que deveria ser a celebração da democracia ocorrerá sob a sombra de um escândalo cuja conseqüência mais trágica pode ser até a anulação do resultado nas urnas... o Partido dos Trabalhadores é hoje uma agremiação em frangalhos, sem credibilidade, resultado de um processo de autodestruição ética já apontado por uma reportagem de capa de VEJA de setembro do ano passado”.

Editorial da Revista Veja – Edição 1.975 – Setembro de 2006


Sinceramente, não sei por onde começar.
Se estivesse brincando de jogos dos sete erros de antemão poderia discorrer todos os erros desta informação e ainda sobrariam mais uns três para garantia no caso de uma certa margem de erro.
Vamos a eles:

Erro 1: O Brasil não está apenas a uma semana do primeiro turno da eleição presidencial. No pleito de domingo, serão eleitos também governadores, senadores e deputados. Informação quase óbvia, mas quando omitida no trecho editorial da revista, denota qual o verdadeiro interesse da publicação: atingir o governo federal;

Erro 2: “Celebração da Democracia?” – Uma sociedade democrática de direito não celebra seus direitos apenas em dia de eleição, celebra dia-a-dia, pois a transição de uma era militar ditatorial, para um processo de voto livre deve ser lembrada sempre. Mesmo que transcorridos quase 20 anos.

Erro 3: “Sombra de um escândalo” – Apesar do dinheiro que foi apreendido pela polícia federal ser oriundo do PT, em nenhum momento a revista faz menção ao PSDB, ou a qualquer partido de oposição que possa ter ligação direta com o caso, sendo assim a principal sombra petista.

Erro 4: “Anulação do Resultado nas Urnas” – Utopia Vejista?

Erro 5 : “O Partido dos Frangalhos” – Segundo os especialistas na área política, o Partido dos Trabalhadores será um dos mais bem sucedidos após o dia primeiro de Outubro. Estabilizando sua bancada em grande parte dos Estados.

Erro 6 : “Autodestruição Ética” – Segundo a Revista Carta Capital que acaba de sair nas bancas “ O lado escuro do PT expõe a banda podre do partido. Ao agir na penumbra, em associação com a máfia dos sanguessugas, o grupo arrasta o presidente mais uma vez para o centro da crise”. Percebem a diferenciação? A primeira Revista ataca diretamente a figura presidencial, despejando o preconceito em relação à figura de Lula; enquanto a segunda aponta quem são os responsáveis pela crise: a banda podre e escusa do partido.

Erro 7 : Perder meu tempo lendo uma revista formada por uma agremiação jornalística em frangalhos, sem credibilidade, resultado de um processo de autodestruição ética da grande mídia brasileira.


* Nota ao leitor sapo: Não votarei no Lula no primeiro turno, devido a inúmeros motivos que fizeram estes quatro anos de governo serem diferentes da esperança depositada a quatro anos atrás. Contudo, não admito que esse tipo de golpismo midiático possa acontecer de forma tão insolente, sem que a população tome algum tipo de atitude.
Boicote?
Pesadelo Vejista!

22 setembro 2006

Estrada Tortuosa, Caminhos Utópicos e Desejos Infames.

Vem despertar o desejo infame,
Enquanto a fama ainda é só desejo.
Vem desfrutar do que é teu,
Porque o que é meu nunca teve dono.

Vem enganar minha astúcia,
Fingindo ser sábia enquanto erramos.
Vem confundir meus princípios,
E em meio ao caos, ser o meu doce fim.

Recuso-me a desistir. Recuso-me a fugir.
Espero, o quanto for preciso, mas venha.
Não importa quando, muito menos onde.

Venha, e ao enganar-mo-nos por hoje,
Esqueceremos os deslizes de outrora,
E imortalizaremos a verdade utópica do amanhã.

21 setembro 2006

Caminhos Reais

Quem disse que eu queria encontrar a perfeição?
Sempre acreditei que um sonho pode ser plausível, desde que sonhado com a mesma intensidade.
Terei que ressaltar mais uma vez que não sou príncipe. Sou sapo com muito orgulho de não fazer parte da realeza sonhadora.
“ Quando dizem que sou sapo, eu afirmo que ainda tenho muito a aprender neste brejo insano, chamado vida”.
E aprendo com os erros que exponho.
Não é fácil dizer não aos convites inesperados que aparecem em noites de reclusão. Mas digo. Se existe um confronto de interesses, não há sentido dizer sim.
Os sentimentos precisam existir, da forma mais natural, intima e acolhedora.
Se for pra me chamar pelo nome, nem me chame. Apenas me chame quando sentir aquela vontade incontrolável de me chamar com carinho, ou quando sentir saudades de mim, logo depois que nós dissermos adeus.
Realmente existem coisas cruéis. Isto é fato.
Mas talvez, a maior crueldade deve ser a de não permitir que as pequenas coisas aconteçam naturalmente, afinal são elas que nos guiam através de caminhos imperfeitos e, acima de tudo, reais.

20 setembro 2006

Entre as Ruínas

Eles sabem o que vai acontecer, e mesmo assim não se desgrudam. Sofrem juntos.
Seus corpos há muito tempo deixaram de existir em pluralidade, formando um ser anatomicamente perfeito.
Único.
Ele, inseguro e arredio sente que aquele abraço é o último, que todos os afagos e palavras sussurradas serão as últimas, que o próximo beijo, por mais infinito que seja em sua essência, será o último.
Ela, enxuga a última gota de lágrima que cai de seus olhos. Jamais terá a oportunidade de sentir um confronto maior de qualquer tipo de emoções em sua mente, proporcionando assim aquela tradicional sensação de insegurança.
Ambos estão seguros de si. E, de fato, seguros do que o destino tem reservado para suas cansadas vidas.
Um primeiro estrondo os assusta, mas não os desencoraja.
As primeiras prateleiras começam a despencar, tal como um dominó sincronizado, e se esbarram nas ruínas.
Alguém do lado, desesperadamente começa a rezar seu credo, já sabe que não existe mais volta. Não existe mais redenção.
Abafado pelo alarido interno do prédio, o barulho das sirenes do carro do corpo de bombeiros, mal consegue penetrar as frestas das paredes, que continuam a desabar lentamente, numa dança cadenciada e letal. Certamente, o último ato.
A pequena criança que acabara de ver a mãe falecer, já não tem mais forças para clamar por socorro e mesmo ao ouvir voz distante do bombeiro, não esboça nenhum sinal de reação. Inerte. Apenas observa as pessoas que se despedem em meio ao desespero, mas se concentra no casal, pois ali está a sua tranqüilidade, sua paz de espírito.
Ao verem a criança, relembram-se das diversas tentativas frustradas de gravidez e da perca prematura do único teimoso que ousou colocar os olhos nesse mundo.
Teria vez o filho do amor em um mundo tão hostil?
Não, claro que não!
Eles tinham a exata certeza disso, mas olharam nos olhos daquela criança, que mesmo distante ainda conseguiu murmurar uma palavra: “paz”.
Provavelmente, ela quis dizer pais em alusão aos entes que acabara de perder, mas o pano de fundo daquela situação, não deixava dúvidas: Paz. O menino queria paz. Os que sucumbiam queriam paz. Os bombeiros queriam paz.
Entre as ruínas do local, o casal, teimoso e inconseqüente quis mais.
Um último estrondo, um último abraço, um último beijo, contemplaram a paz daquele conflituoso momento, no qual a certeza de um amor sereno abraçou a felicidade.
Eles sabiam o que ia acontecer, e mesmo assim não se desgrudaram. Sofreram juntos e soterrados encontraram a eternidade.

19 setembro 2006

Cansado

Jamais entenderás.
Talvez nem mesmo eu entenderei.
Em meio aos conflitos, à impaciência, às quedas e doenças, a cabeça cansada e confusa ainda discerne pequenos códigos que voltam a ser estímulos verdadeiros do coração.
Viver em busca de um amor sempre é complicado, mas quando desistimos de encontra-lo e contemplamos a inércia de uma ação vazia, não fazemos nada além de contemplar a clichê “arte de amar”.
Quem foi que disse que amar é uma arte?
Amar é um martírio sacro, pelo qual a alma transcende os pecados da carne e encontra a paz de espírito após o primeiro beijo.
Não existe arte nesta dor, apenas a certeza de que nesta batalha, não existem vencedores.
Somos todos vencidos pela esperança, e de beijo em beijo, de brejo em brejo, de doença em doença, confabulamos nossa solidão e carência.
Cansado de explicar.
Cansado de não encontrar explicação.Cansado de jamais entender o porquê de ainda ser feliz assim, por mais efêmero e conflituoso seja esse sentimento.

04 setembro 2006

Apenas uma frase.

"Uma luz que transcende toda a delicadeza de um gesto. Não. Ela não está apenas de bruços. Ela debruça seu encanto, singela e tranqüila. Mesmo não vendo seus olhos, percebo o quão suave seria se estivesse ao seu lado. Não estou. Mas à distância, um desejo mais forte que a razão, se faz real, tal como uma pequena caixa azul, que guarda todos os nossos sonhos, inclusive os que não deram certo”.

24 agosto 2006

"A Liberdade dos Patos"

Tu és livre, e é esta liberdade que te perturba.
Não sabes o sentido que tomarás ao ver
O turvo crepúsculo, que antecede a escuridão
Da noite que libertou sua alma, sua essência.

Essência sólida, que se desmancha em um simples talvez.
Simplicidade clara, que se complica na primeira dúvida.
Complicação relevante, que ignoramos sem perceber.
Percepção ignorante, que nos liberta de forma simples.

O amor acalenta a angústia de quem está preso,
E a solidão se alimenta com o fel de quem ama.
A liberdade é a luz tola e inexorável que ofusca a razão.

Tu és livre, e teu primeiro passo, já passa de um erro.
Não enganes teu coração, não perturbes tua quietude.
E sempre ao errar, receba a liberdade como dádiva.

26 julho 2006

Sinceramente...

Não quero explicar sensação alguma: quero sentir.
Não devo entender problema algum: devo mesmo me complicar.
Não preciso ser forte o suficiente: preciso às vezes chorar.
Não vou ser o homem da casa: vou viver sem lar.
Não quero desvendar nenhum mistério: quero ficar longe das respostas.
Não pretendo escrever nada relevante: mas irrelevante não mais serei.
Sinceramente, não queria ser feliz, mas agora, eu sou.

10 julho 2006

Carta Marcada

Entre calúnias e injúrias proferidas pelos lábios do tempo,
Ecoa a exatidão de que a verdade é o espólio deixado
Para quem se arrisca em busca da subversão
Das mazelas que a ilusão nos oferece a cada manhã.

Todas as tribulações não passam de um jogo.
No qual analisamos os instintos que nos pertencem,
E como uma carta rejeitada, descartamos todas as incertezas,
Pois a insegurança, não passa de uma carta marcada.

Na manga, temos apenas a dor de quem já foi o próximo,
E que não quer esperar novamente uma rodada para
Sentir o prazer de jogar e apostar outra vez.

Na mesa, a esperança de um blefe verdadeiro,
Que enganará o tempo, cerrando seus lábios,
E, entregará em suas mãos o mérito da trapaça.

09 julho 2006

Careca Explosiva

E eu que imaginava que este post estaria repleto de reverencias ao “grande mestre”, ao “mágico”, ao “magnífico” Zidane...
Da mesma forma que desabafei ao tratar do caso Ronaldinho Gaúcho/Balada, acho justo depositar aqui toda minha insatisfação, por mais que saiba que esta não valerá nada, pois daqui alguns meses, ambos estarão desfilando sua “magia” nos comerciais da Nike ou da Adidas.
Mas como eu quero mais é que ZIDANE, eu falo mesmo.
Aquela que poderia ser a maior despedida de um craque de futebol de todos os tempos tornou-se o mais vexatório, humilhante e insosso adeus.
O grande maestro não soube reger a sua obra final e o som que se ouviu, foi o de uma melodia estranha, um ruído, que se eternizou com uma senhora vaia.
As mãos que tanto esperaram para bater palmas para Ronaldos, Zidanes, Kakás, se silenciaram, e discretamente acenaram para a África do Sul, onde quem sabe a magia tão esperada pode voltar aos gramados mundiais.
Será uma engraçada discrepância, pois a quarta economia do planeta teve um futebol escasso de riquezas e inovações. Em contrapartida, fica a esperança para que a Copa “que colocará os olhos do mundo na África” devolva a riqueza perdida do futebol, em uma terra que é conhecida mais por sua miséria do que por suas virtudes.

07 julho 2006

Idolatria Desvairada

Como brasileiro é um povo carente de ídolos. Bastou chegarmos a uma Copa do Mundo como favoritos, que passamos a dar como certa a nossa vitória. Nos esquecemos das outras 31 seleções, que tirando umas duas dúzias de figurantes, tinham totais condições de chegar ao título.

Chegamos – e me incluo totalmente nesta afirmação – imaginando que faríamos uma campanha parecida com a de 1958 ou 1970: demos show e vencemos; ou pelo menos ficaria o “consolo” de ser parecida com a geração de 1982 do Mestre Telê, que perdeu, mas que pelo menos deixou saudade.

Nem saudade nem vitória.

A Seleção Canarinho de 2006 foi um fiasco tão grande, que até Lazaroni e seu time “batizado pela água Argentina” de Maradona ficaria constrangido desse desempenho.

Em busca de records e marcas pessoais, um amontoado de bons jogadores (isso deve ser dito, por mais que todos ainda estejam meio céticos), se uniram ou se “desuniram” em prol de uma única ideologia: “Dar espetáculo é vencer”.

Enquanto as vitórias apareciam, o “show” ainda se sustentava, mas bastou um carequinha mágico brilhar e o “clichê sonho do hexa” foi adiado temporariamente por 4 anos.

Zidane brilhou, deu espetáculo, mas jogou sozinho.

Como pode um dos maiores craques do futebol mundial de todos os tempos, ter espaço e tempo suficiente para arquitetar suas jogadas?

Bem, essa pergunta o “Pé de Uva”, como diria Marco Bianchi, não fez questão de solucionar.

Também não respondeu a ausência de Robinho no início do segundo tempo, a insistência em Cafu, a tolerância com Roberto Carlos... Perdemos para uma apatia e displicência que não é nossa.

Felipão, com seu bravo Portugal mostrou que tem sangue nas veias e só não chegou à final, por causa do grande Zizu.

Mas é engraçado como mesmo com tanta apatia na Copa, jogadores como Ronaldinho e Adriano, enfim encontraram forças. Forças que gastaram em baladas, antes mesmo do campeonato acabar.

Não quero ser moralista não, eles tem o direito de fazer o que quiser e quando quiser. A problemática é justamente o momento.

Todo moleque que já bateu uma bola na rua, já sonhou um dia em disputar a Copa do Mundo. Agora quando alguns privilegiados têm a oportunidade de defender as cores da bandeira de sua nação no maior evento esportivo do planeta, mas agem de forma tão indiferente, não há como não perder a vontade de torcer.

Espero que dessa vez a lição tenha sido válida, porque em 2010 a maioria da população terá esquecido a revolta com a Seleção de Parreira e mais uma vez se afundará na idolatria desvairada verde e amarela.

O comercial da Nike protagonizado por Ronaldinho Gaúcho (aquele em que vemos o jogador imitando dribles que dava na infância) termina com a frase: "Nunca cresça". Se for para ter este tipo de atitude, prefiro mesmo uma seleção de homens grandinhos.


28 junho 2006

"Brasileiro, Maloqueiro e Sofredor"

13 de junho de 2006, enfim chega o grande dia da estréia da tão badalada seleção brasileira. Resultado de 1 x 0 magro, contrastando com o físico de Ronaldo, já popularmente conhecido como Ronalducho.
Segundo jogo, todos esperavam que aquela primeira atuação tivesse sido atípica, coisas de nervosismo de estréia em Copas. Mais uma vez a pátria das chuteiras se enganou.
Durante o pífio jogo contra a Austrália, um amigo disse exatamente o que estava acontecendo com a nossa seleção: "Isso tá pior do que jogo do Corinthians quando o Parreira era técnico". Todo mundo convordou, mas o Robas foi além:"Pode crer! Brasileiro, Maloqueiro e Sofredor", em alusão à um dos principais hinos do time da marginal sem número
Brasileiros pelo simples conceito de nacionalidade.
Maloqueiros, por que é impossível desvincular a imagem do povo brasileiro daquele esteriótipo de Macunaíma. Basta ver quando tem alguma festa. Que povo do mundo é tão "causador" quanto esse? Que povo é esse que não pode ouvir um batuque que já cai no samba?
E sofredor, pois aceita o simples conceito de nacionalidade apenas em época de Copa. Depois deste período, que se dane a pátria, que se dane a corrupção, que se dane o desenvolvimento de um país com sérias desigualdades sociais.
Sofredor, pois o único momento de felicidade em que encontra é quando tremula sua bandeira e se esquece que duas horas antes seu patrão estava lhe explorando, que a marginal estava caótica, que o ônibus, bem como todo transporte público fez descaso com seus usuários.
E não adianta vencer Gana por 3 à 0 porque este resultado enGana. O time jogou muito mal, e se não fosse pelo Fênix Ronaldo, aquele que na primeira fase foi execrado, poderíamos estar recolhendo nossas bandeiras, à espera de mais quatro longos anos de maloca e sofrimento.
Mas o nacionalismo impera novamente: "Somos Brasileiros e Não Desistimos Nunca!"

Que venham os franceses.

20 junho 2006

Passos

Não discuta com essa sombra que se escondeu atrás de seu corpo. Não perca seu tempo, pois ela não foi corajosa o suficiente para te destruir de verdade e agora cabisbaixa e desajeitada se esconde atrás da virilidade de seus ossos, que já não estão mais fragmentados pelas ações do tempo e da própria vida.

Se tudo isso é vexatório, deixe-a no chão abandonada, porque pode ter certeza que ela irá te seguir e tentará em algum momento ultrapassar a linha que te divide do horizonte.

Tome muito cuidado neste instante, pois será desta forma que a luz do sol e a luz da vida caminharão lado a lado com sua consciência, e um passo mal elaborado poderá refletir novamente a escuridão em teu caminho.

E é todo esse risco iminente que alimentará seus próximos passos.

Um após o outro, lento ou apressado, descobrirás o quão insignificante serás essa teoria ridícula se continuar parado.

Continuo andando...

14 junho 2006

“Quartetos”

Depois de ficar no vermelho, zerar, ir e voltar, acho que chegou a hora de trabalhar um pouco, que tal?
Mesmo sem um computador descente, esse sapo que vos fala (nossa isso é clichê de blog, não?) vem aqui nesta página para laborar e utilizar este espaço, como há muito tempo não fazia.
Falando em trabalho, amanhã em pleno feriado de “Porcus-Tristes” ops... este cara aqui vai trabalhar feliz. Isso mesmo. Não há nenhum erro na última sentença.
No dia 15 de junho de 2006, estarei na “Revistaria e Tabacaria Coffee News”, em meu primeiro dia de trabalho em um empreendimento que tem um pouco de mim. Um pouco não, metade.
Sou sócio da bagaça!!
Junto com o Caito - amigo de longa data desde os tempos de “Macacos Insanos” ( a banda que iria revolucionar o mundo e o cenário musical com seus ideiais sócio-anarco-libertário-romantico-utópicos) - compramos uma pequena revistaria nos arredores de Moema,um pouco atrás do Shopping Ibrirapuera.
Sinceramente, nem sei porque estou colocando tudo isso aqui, mas talvez seja porque será a primeira vez em quatro anos que eu vou trabalhar feliz.
Talvez seja por isso mesmo.
Mas sei que além de todo esse embrólio burocrático, existe uma luz que pelo jeito não se apagará tão facilmente. É nítido que não é mais um lampejo de felicidade.
Depois de andar sem rumo e no escuro, hoje posso de dizer que estou reabilitado, e com crédito de sobra para afirmar que se não fosse pelas sinceras amizades que tenho, jamais conseguiria me levantar.
“Tava sinistro!”
E quando estava mesmo sinistro, aparecia um Robas e sua inseparável mochila; um João e seus conselhos mais do que sensatos, e as coisas melhoravam.
Mas afirmo, que na alegria e na trisiteza o verdadeiro “Quarteto Mágico” não é aquele da seleção.
O Quarteto-Mor é aquele que por várias vezes se perdeu num “rolê que começa com A”, ou em um simples churras.
Com o espírito altruista, estes quatro rapazes de Liverpool, quero dizer, de Sampa mesmo, transformaram um interminável inferno astral em um período que será eternamente lembrado como o melhor de todas as nossas vidas.
Lipe, que perdeu para o coala, mas que se especializou na categoria sub-20.
Renan, que perdeu para o monstro da casa ao lado, mas que sempre tem algum nome interessante na agenda.
Droopy, que foi “tirado no rolê” , mas que continua na tática de que “licenciatura é o que pega”.
Duds, que perdeu para uma história mal resolvida, mas que hoje se resolveu e encontrou uma pessoa maravilhosa. Sim, também mora longe. Mas desta vez “é nóis na ZL”.

Este quarteto merece, porque não dava pra ficar pior!


“Quando saímos em busca de alguém, andamos em círculos e nos perdemos da pessoa que realmente nos procura”.

Paula Barboni

08 junho 2006

Luz

E ele foi... e parece que não voltará até que este sonho o convença que a realidade não pode ser vista com a luz que hoje ofusca seus olhos.

30 maio 2006

Vai...

Vai garoto feliz, que se esqueceu da dor de quem te abandonou, antes mesmo de te dar a chance de entrar na tua vida.
Vai garoto feliz, que sobrevive à "guerra civíl branca" que se instaurou em tua cidade.
Vai, sem medo de voltar ao trabalho daqui a pouco, pois tu sabes que aquilo lá não foi feito pra ti.
Vai esperança, carrega consigo o desejo de transformar o mundo , transformando apenas uma parcela dele. Apenas um pedacinho de terra, um pedacinho da Terra.
Vai garoto feliz, cola na banca e se arrisca, pois não dá mais para viver de incertezas.
Vai garoto, corre garoto, abraça a felicidade, deixa que as lágrimas sequem os devaneios e desventuras.
Vai garoto, hoje você zerou.
Vai garoto, hoje você é um homem feliz.

23 maio 2006

Arquivo n° 15 33

Os Bin Laden Paulistanos

Durante dois anos o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Segurança Pública, negociou indiretamente com os líderes do PCC(Primeiro Comando da Capital) a chamada sensação de segurança, que pairou sobre as terras paulistas.
Por mais que existissem casos de violência, a situação sempre parecia estar sobre controle, pois as autoridades competentes jamais deixavam transparecer à opinião pública o total desgoverno e submissão ao crime organizado.
Lógico que nenhuma informação dessa é confirmada, mas na atual estrutura do Estado em relação a segurança e políticas públicas, não é difícil de se imaginar tal acordo.
O PCC surgiu em 1993 e no começo era apenas um grupo isolado, que tinha o intuito de organizar os presos e as lideranças dentro dos presídios. O tempo passou, três líderes estiveram no comando da facção(Cesinha, Gelião e Marcola) e a dependência das autoridades só aumentou.
O que era para ser um tranqüilo final de semana de dia das mães, se transformou em um confronto sangrento entre criminosos cada vez mais organizados, e uma polícia cada vez mais desmotivada.
Na quinta-feira com a transferência de 765 presos para o interior, entre eles o líder do PCC Marcola, iniciou-se uma onda de ataques a bases comunitárias da PM, delegacias, bancos, incêndios de carros, de ônibus e assassinatos a policiais, muitos destes à paisana.
A Secretaria de Segurança divulgou na tarde desta segunda-feira seus últimos números*: 180 ataques, 91 bandidos presos, 38 suspeitos mortos e baixa de 49 PMs.
Hoje estava vendo os desabafos dos parentes das vítimas na televisão, e uma das pessoas indagou: “Onde estão os direitos humanos? Cadê aquelas instituições que defendem os direitos humanos para bandidos?”.
Bem, infelizmente eu não sei onde elas estão agora, mas sempre estiveram presentes desde 1992, quando no outubro vermelho, o Carandiru foi o palco do massacre de mais de 100 pessoas. Sim, os famosos bandidos que antes foram caça e que hoje são caçadores.
Não estou aqui para dar uma de jornalista de coluna policial, muito menos para bancar de defensor do crime organizado.

Quero falar apenas do que eu sei.

Sei que minha agência foi metralhada nesta madrugada e meus amigos estão trabalhando quase em estado de pânico.

Sei que as pessoas que estão agindo nesses atentados, os chamados “Bin Laden Paulistanos”, não têm nada a perder, e muitos deles fazem estes ataques para pagar dívidas com seus chefes, sabe-se lá quem são.

Sei que todos falam da questão da segurança, no qual o Estado tem sido extremamente falho, frágil, quase uma piada. Mas por que não falam do Estado falho e frágil na Educação, na Cultura, no Lazer, no Entretenimento?

Sem ações sociais de base, estruturais e concretas, sempre existirão motins e rebeliões contra este Estado desigual. E não adianta dizer que: “é tudo coisa de bandido!”

Quando se tira uma vida, nenhum argumento é tão convincente a ponto de dar razão a quem mata.

Porém, quando um ser humano tem uma vida completamente as margens da felicidade, não tem nada de valioso que justifique sua existência, nenhum conceito de família, de amor, de respeito, é excluído pelo Estado e pela mesma sociedade que agora está em pânico: Qual é o sentido de ser alguém que respeita as leis vigentes?

Será que é justificável viver as margens da lei?

Será que é justificável ser um marginal?

Enquanto os tiros ecoam lá fora e a guerra recomeça, eu me retiro para acompanhar pela televisão a verdadeira batalha da “cobertura” dos fatos que neste momento são notícia no Brasil.

É Parreira, não foi dessa vez que você conseguiu chamar tanta atenção, mas valeu pelo Rogério Ceni ter sido convocado.

Sim, “bola pra frente!”, e um hexa seria uma ótima operação para cicatrizar a memória da nossa sociedade.


* Texto do dia 15/05/2006, com os dados da tarde em que São Paulo ficou sitiada.

12 maio 2006

Hora de Zerar

Após inúmeras tentativas sem sucesso, este rapaz, incansável aprendiz, que em sua estúpida presunção confunde liberdade com felicidade, confessa em um grito (quase abafado pelo silêncio de sua alma), que não dá mais.
Como diria um ilustre amigo: é hora de zerar.
Não se trata de uma crise existencial, tampouco uma crise da meia-idade(Deus, Alá, Buda, ou sei lá mais quem deixem que eu chegue até lá). Trata-se de um momento de introspecção, um período no qual os conceitos pré-existentes ganham um sentido conotativo, pois na fase em que se zera, não existem pressupostos que sejam plausíveis, verdades absolutas, ou lógicas que direcionem a mente a um sentido determinado.
Tudo é novo, e tudo é válido.
É tempo de rabiscar, rasurar, experimentar, brincar de ser criança, com a sobriedade e peso que estes vinte e tantos anos impuserem neste ombro que agora se amolece. Estou sóbrio, não por que em meu sangue não corre uma gota sequer de álcool, e sim porque desejo ver com toda a lucidez, o tamanho do rombo e estrago que foram feitos em minha alma.
O corpo já começou a cambalear. Sei que ainda agüento muitos anos nessa vida degenerada, mas pra quê?
Até quando vai ser bonito dizer “Até Quando!?” e não tomar uma atitude clara para que isso mude?
Em nenhum momento poderei reclamar do padrão de vida que tenho e que levo hoje, mas essa é uma vida que escolhi e que agora se renega a ir embora.
Sou livre, e esta constatação é uma antítese de felicidade para um espírito ferido.
Quanto maior é a liberdade do indivíduo, maior é a dimensão da dor que atinge sua vivência.
Outrora, achava conveniente dizer que a verdadeira felicidade estava nos braços daqueles que são livres.
Hoje, pelos calos e tombos da vida, e por todos os ferimentos do espírito, acredito sinceramente que sem um constante processo de reciclagem não é possível encontrar a estabilidade do corpo, da mente, do coração e da alma.
Brincando tínhamos o costume de dizer: “Você pra mim é um lixo!”, e esta frase não era superlativa ou falsa.Talvez uma pequena confissão, ou acusação que soava como comentário ingênuo, mas que no seu contexto subliminar, nos julgava e nos punia com a verdade.
Mas como diria a Senhorita Lee: “Não quero luxo nem lixo”.
Quero justamente zerar o placar que diferencia luxo de lixo, angustia de carência, esperança de medo, solidão de conveniência e liberdade de felicidade.
E quando estiver zerado, limpo e purificado quero enfim empatar a felicidade e a liberdade, numa carência tola chamada amor.

07 maio 2006

Perfil II

Mais um perfil que se vai...

Com mais meia dúzia de crises existenciais, conseguirei chegar perto de um esboço do que serei um dia. Verei meus modelos antigos, minhas velhas ideologias, as convicções as quais eu acreditava e os sonhos que não se realizaram.Analisarei tudo de forma racional (minha nova postura) e esquecerei os devaneios de um simples cara complicado, que busca o equilíbrio sempre desequilibrado.Na verdade este estereotipo de simplicidade complexa não passa da constatação de que sou um eterno paradoxo e que tenho muito a aprender.Sou um aluno da vida, mas mesmo assim sei que essa tal razão que agora determina minhas ações, jamais será tão libertária quanto a emoção de ser feliz.

"Enquanto não souberes morrer e renascer, serás um viajante aflito a errar na terra escura."

Goethe

03 maio 2006

Brisa

"Quanto mais acredito que estou longe do furacão, mais os moinhos de vento me levam ao caos que você deixou, quando pensava que era apenas uma brisa de verão".


Eduardo Ferreira, que sinceramente quer saber quando essa ventania vai acabar.

02 maio 2006

Cadastro das Almas

A Primeira Convenção Anual dos Cupidos e Pombos-Correio, terminou há poucos dias e tenho em mãos, em um furo de reportagem que deixaria qualquer Cesar Tralli da vida embasbacado, a ata deste importantíssimo encontro.

Entre os inúmeros assuntos abordados, os membros do conselho geral da convenção estabeleceram a criação de um cadastro geral das almas que vagam diariamente em busca de um relacionamento duradouro e, que resista às utopias impostas pela realidade indigesta da vida.

Os requisitos necessários para que uma alma seja cadastrada são os seguintes:

- Deixar o espírito libertário de uma pessoa solteira ser peça fundamental da construção do casal;
- Aniquilar a idéia de que perdemos a nossa liberdade quando estamos compromissados;
- Compreender que é possível viver em harmonia de gostos e costumes divergentes, pois não existe até o presente momento da história humana, um casal clonado em laboratório.
- Compartilhar a idéia de que, duas vidas juntas, tendem a somar forças, e que a partir do momento que começarem a se colidirem ou se anularem é melhor cada um procurar outro caminho;
- Em hipótese alguma sair em busca do entendimento do amor, pois quanto maior for o número de teorias e idéias que se consolidam a respeito destes mistérios, maior será o número de corações fragmentados, pois a razão neutraliza os impulsos apaixonados da emoção.

Os interessados em participar deste Cadastro devem comparecer ao exame de consciência mais próximo da sua essência, e preparar o espírito para um momento ilusório, mas que certamente iniciará uma série de mutações nos olhares, sorrisos e desejos daqueles que resistem e não conseguem fechar os olhos e vencer os obstáculos do primeiro sonho: Viver.

25 abril 2006

Utopia

Em busca da Utopia,
O coração se esconde.
Em busca de respostas,
A consciência se cala.

Em busca da esperança,
O medo te acalenta.
Em busca de aprendizado,
Palavras darão o mestrado.


Em busca de um príncipe,
Encontrarás sempre um sapo.
Em busca de estabilidade,
Vai ver coisas do nosso jeito complicado.

E buscando essa Utopia,
Vivemos a simplicidade da vida.
Por que na busca por alguém, Encontramos duas almas amigas, quase irmãs.

Sem Limites

“Não vá, embora por favor
Pelo menos, escute o que eu vou lhe dizer.
Ainda há tempo, pra recomeçar.
Faço tudo pra você ficar.

Se quiser, até mesmo mudarei
Por você, sem limites eu serei
Comprarei todas as flores pra te dar
Não imagino acordar sem te beijar

Não bata a porta,
Não saia na rua,
O mundo lá fora
É uma outra aventura

Os sonhos se perdem
No céu e no mar
Nos bares e esquinas
Na luz do luar.”

Para Robson Assis: grande irmão mochileiro, anárquista libertário, companheiro de degeneração, bom ouvinte, bom conselheiro e acima de tudo, sonhador sem limites.

Homenagens

Hoje, dia 25 de Abril é dia do aniversário de duas pessoas de extrema importância em minha vida: um tal de Robson Carlos Almeida Assis, popularmente conhecido como Robas, e uma certa cabeçuda chamada Mariana Elias Gomes.
Pessoas distintas e distantes, mas que sempre estiveram presentes nos momentos mais difíceis desses últimos tempos.
Quero deixar claro que este texto não segue nenhum padrão antes visto por aqui: não é conto, soneto, crônica ou poesia. Trata-se apenas de um sincero agradecimento a estas duas almas tão grandiosas que o gerente teve a manha de colocar em meu caminho.
Robas pra vc a nossa primeira composição.
E cabeça, pra vc a minha última.

Obrigado!

21 abril 2006

Ontem não era dia...

Brigo contra o tempo.
Meus brindes já não são mais
Como os do tempo de criança.
Percebo a cada dia como
É triste ser iludido,
E cair facilmente na ilusão.
Estou cansado.
Com uma senhora raiva.
Mas que se Foda!
Hoje não era para escrever nada aqui...
Mas que se Foda!
Ontem não era dia de sonhar também...

17 abril 2006

Vestido Para Amar

Falar de amor é, e sempre será, uma propriedade complicada, pois quanto mais argumentos e teorias abordamos, mais evasivas e inverossímeis são as respostas as quais temos o anseio de descobrir.
Ao nascermos, um raciocínio contundente pode nos dar a prova de que a felicidade não é inerente ao nosso primeiro ato pós-natalino, o choro.
Segundo William Shakespeare: “Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes”.
Este cenário o qual Shakespeare relata não é nenhum palco de “Otelo” ou “Hamlet”, mas sim o cotidiano degradante do aspecto social, ou seja, o palco da vida.
Esta demência também é vista por Nietzsche, que da forma nua e seca salienta que “Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura”.
Ao amar, deixamos de fazer parte do imenso cenário dos dementes e nos integrarmos ao conjunto de novas loucuras abstratas e até mesmo reais daqueles que se esquivam de qualquer tipo de razão.
Fugir da realidade é como querer encontrar todos os dias uma alma gêmea á nossa espera, dobrando a primeira esquina.
Quantas vezes encontramos na vida um verdadeiro amor? Uma alma gêmea? O alguém que fosse o seu número?
Uma...?
Duas...?
Três...?
Quinze vezes...?
Nenhuma vez!?
Toda variação é valida, pois a quantidade de almas que podem se colidir no amor é muito grande, pois existem centenas, quem sabe até milhares de pessoas que foram feitas semelhantes a nós.
Quantas vezes você já viu alguém com uma camiseta igual a tua?
Se você não cai no gosto comum, e se afasta da “demência social” foram raros estes momentos.
Não porque foram produzidas poucas camisetas, mas sim por que existe um universo enorme, onde elas podem ser objetos de premiação de futuros amigos-secretos. Podem vestir uma pessoa no outro lado do país, quem sabe até do mundo.
Quando nos deparamos com alguém usando uma camiseta igual a nossa, vemos apenas mais uma “alma gêmea”, que antes acreditávamos que era única.Sempre que esta camiseta se sujar, ficar velha ou rasgar, podemos ficar nus, mas assim como no amor, nos vestimos com um novo manto de esperança, que nos cobre do frio e nos protege da chuva ácida da demência.

16 abril 2006

“A Simplicidade de Narciso”

O brilho da ultima rajada.
A voz do sentimento latente.
O aperto da dor desajustada
E a revolução que opera a mente.

O fruto da árvore proibida.
O desejo rasgando a castidade.
O prazer de forma dolorida.
A melodia que rege a eternidade.

O som voraz do espanto.
O perfume da rosa caída.
O erro nas aulas de canto.
A felicidade de uma vida sofrida.

O conserto de uma peça perdida.
A certeza de um profundo azar.
O espelho que reflete a sorte.
Não é o mesmo que reluz a morte...

Pois a vida,
Apesar de sofrida,
Continua feliz.

15 abril 2006

A Lenda de Jasmin

As folhas do jatobá caíam pelo chão, assim como as lágrimas de Jasmin, formando um pequeno poço de desespero e revolta. Lá estava ela, pela primeira vez, chorando pelos seus erros e de seu povo. Aqueles olhos de mel perderam a doçura e se entregaram ao pecado comum das civilizações desenvolvidas: O desejo. Seus pais, o Cacique Caruá, e a Xamã Manduru, bem que tentaram afastá-la dos conflitos da vida, mas o espírito guerreiro de Jasmin era a voz que gritava por justiça, quando os espíritos conformistas se davam por vencidos. Jasmin, um metro e setenta de coragem vertical, era uma líder revolucionária, da tribo Bororé, no interior da Amazônia. Conhecia como poucos todos os atalhos daquela mata fechada, um verdadeiro labirinto natural. Corria feito criança, ao redor de onças e cobras, que jamais te colocavam medo. Na verdade, toda a biodiversidade da Floresta Amazônica, era para ela, simplesmente um maior leque de amizades. Sim, Jasmin tinha como melhores amigos, os animais selvagens. Selvagem era Jasmin. Uma fera indomável, que nem seus pais, o tempo, ou até mesmo Deus conseguia deter. Mas, enfim, um dia a fera foi ao chão. Durante anos e anos, décadas e décadas, a luta pelo domínio das terras do extremo norte do Pará, foi travada por homens brancos em busca de fortuna extraída da enorme gama de possibilidades de riquezas naturais da Amazônia,contra nativos da floresta, que apenas defendiam seu habitat histórico. Jasmin, cresceu em meio a conflitos entre seringueiros e madeireiros, mas mal sabia, que em poucos anos, se tornaria uma verdadeira guerreira, e principal defensora da Tribo Bororé. O Cacique Caruá, por várias vezes, proibiu sua filha de participar dos treinamentos secretos dos guerreiros bororés, mas a garota sempre se desvencilhava e encontrava um subterfúgio qualquer para estar junto aos combatentes da tribo. A Xamã Manduru, perdeu as contas, de quantas vezes ensinou à sua filha, seus dotes de feitiçaria e de cura.Jasmin se interessava apenas por táticas de hipnose, e por plantas que possuíam um poder letal, pois estas seriam suas possíveis armas em uma eventual guerra. Com o passar do tempo os pais perceberam que, a transformação da filha em guerreira era iminente e que, mais nada poderia ser feito a respeito. Ambos deveriam abençoá-la e a entregar à Calú, a deusa da guerra bororé. Jasmin foi condecorada guerreira e logo descobriu sua aptidão e traquejo para os assuntos bélicos. O perfume de Jasmin era o feromôneo que a atraia para a guerra. Com o passar do tempo, a índia bororé se tornou um mito, não só por sua profunda coragem, mas também por sua inquestionável beleza. Essa beleza imponente, despertava além de medo aos seus adversários, uma profunda admiração de seus seguidores. Os bororés veneravam sua deusa, e todos queriam a honra de tê-la como companheira fiel. Enquanto disputavam a sua companhia, o cabelo de petróleo, a boca carnuda, os olhos melados, os seios fartos e o corpo troncudo e modulado de Jasmin, nada pretendiam, com homem algum daquela tribo. Nos últimos tempos, as lutas entre bororés e exploradores se intensificaram, e Jasmin declarou estado de alerta máxima na tribo. Em um dia de festa, os bororés comemoravam a captura de um jovem explorador, que se perdeu na floresta e, que implorava por sua vida.O Cacique Caruá, não deu ouvidos as preces daquele pobre coitado, e decretou que o invasor deveria morrer. Pela primeira vez, Jasmin teve pena do homem branco, mas jamais poderia questionar uma decisão de seu pai. A guerreira olhava o homem com profunda piedade, e o invasor olhava para ela como se estivesse hipnotizado. Sua morte seria menos dolorosa, pois estava encantado com a magia da deusa selvagem. A índia bororé realmente não conseguia tirar os olhos do forasteiro, mas as razões, pelas quais se envolvia em piedade, jamais sentira antes. Seu coração disparava em ritmo de batalha. Seus olhos se fixavam como se estivesse frente a frente com o perigo. Sua respiração era ofegante e sua transpiração era incontrolável.

"- O que será isso?

- O que está acontecendo comigo?

- Por que não consigo odiar este homem?

- Como posso salva-lo?

- Será que meu pai irá me ouvir?

- Será que estou enlouquecendo?

- Será que ainda sou uma guerreira?

- Não sei Jasmin”.

Juro que não sei, respondia sua confusa consciência.
Mais uma vez Jasmin correu...
Agora para se pintar para a guerra. Estava pronta para enfrentar seu pai, sua tribo, seu mundo. Jasmin estava realmente enlouquecida e esta loucura que alimentava sua alma, lhe dava a maior coragem que um guerreiro pode ter: O amor. Não sabia explicar o porquê, apenas sentia. Algo deveria ser feito para impedir a morte daquele que, pela primeira vez, flechou o coração de uma deusa. O Cacique Caruá estava pronto para o ritual. Seus súditos tribais aguardavam impacientemente pelo derramamento do sangue inimigo. Jasmin voltou o mais rápido possível, agora pronta para a guerra, mas era tarde demais. Seu forasteiro já estava no chão e seu povo já comemorava. Foi neste instante, em que as folhas do jatobá caíram pelo chão, assim como as lágrimas de Jasmin, formando aquele pequeno poço de desespero e revolta.
Jasmin fez o mais eloqüente discurso de sua vida, condenando o ato, que de forma alguma seguiu os verdadeiros princípios bororés de Justiça, Paz e Liberdade.
Mas enquanto gritava com seu povo e secava suas inconformadas lágrimas, ouviu a milagrosa voz daquele que invadiu seu coração. Ao lado do forasteiro, que se levantava um tanto quanto inconsciente, estava a Xamã Manduru, que colheu uma das folhas de jatobá banhadas com as lágrimas de Jasmin, e deu ao invasor.

Dizem que tudo isso não passa de lenda, mas o fato é que depois desse acontecimento, o homem branco e os nativos bororés passaram a se integrar em perfeita harmonia.E, mesmo ninguém sabendo se o forasteiro foi salvo pelo poder da xamã, ou pelo amor de Jasmin, não há nenhum ser daquela região que não acredite que essa lenda é tão real quanto a intolerância ou o poder do amor.

14 abril 2006

Caminho Sem Volta...

A partir de hoje, as mentes degeneradas se unem para a consolidação de uma idéia um tanto quanto pretensiosa, mas completamente tangível enquanto os argumentos forem discutidos e idealizados, com a solidez de quem não abandona a razão, e acredita que a dor de um Degenerado e o alimento para a sua felicidade.


Sejam Bem-vindos ao Degeneralismo!


Nossa página: http://filosofiadegenerada.blogspot.com

Bateu a trinca!!!

13 abril 2006

Fazendo Escola

Texto brilhante do meu irmão de degeneração Felipe Dias, vulgo Doido, com a colaboração do mochileiro Robson Assis, o Robas.

Acompanhe agora o nascimento de uma nova corrente filosófica: Degeneralismo ou neo-arcadismo.

"O Degeneralismo é uma escola literária surgida no Brasil no século XXI, o nome deriva do termo degenerado, utilizado em discursos nazistas para evidenciar a repulsão a toda forma artística de judeus e não arianos, as famosas artes degeneradas.As principais características desta escola são a exaltação da razão, a busca constante do gozo da vida (carpe diem), a fuga da cidade (fugere urbem) , simplicidade, uso de linguagem simples, crítica política, por algumas dessas características o Degeneralismo pode ser também chamado de Neo - Arcadismo.Não se sabe ao certo, mas dados históricos apontam que o Degeneralismo nasceu em uma república de estudantes no bairro da Liberdade, centro de São Paulo, com o lema central "Até quando?!"Dentre os maiores pensadores temos Felipe Dias, pseudônimo Doido, escritor que exalta a razão na maioria dos seus textos. Robson Assis, pseudônimo Robas autor de textos com alto teor de crítica social. Hugo Leonardo, pseudônimo Droopy, crítico e estudioso nas áreas teologicas e sociais, peça chave no desenvolvimento do movimento. João Luiz, pseudônimo Pau de Galak, criador de textos inigmáticos, com grandes influências européias. Eduardo Ferreira, pseudônimo Duds, se aprofundou no conhecimento da razão humana e suas vertentes.A escola surge em uma época em que as pessoas se preocupam com sentimentos de outras, esquecendo muitas vezes dos seus próprios. Muitos se entregam sentimentalizações e acabam com vidas médias, aparentemente comuns. O Degeneralismo vem romper com esse pensamento, libertando as pessoas do sentimento e entregando-lhes de volta a razão".


Para saber mais sobre esta escola, entre no blog destes integrantes e tire suas conclusões sobre como funciona a mente de um degenerado.

12 abril 2006

Em construção...

... eu não queria repetir, mas até quando???

10 abril 2006

Cabeça Partida

Sorte para quem começa uma vida nova, com novas pessoas ao seu redor e novos traçados.
Às vezes é bom imaginar que as coisas vão dar certo, mesmo sendo praticamente impossíveis de serem realizadas de uma forma tranqüila.
Às vezes é convencional sonhar com o que está distante.
É hora de acordar novamente.
Mais uma vez levante sua cabeça homem!

Não se preocupe com o brinde que acabou de ganhar e muito menos não ligue para o que pode acontecer.
Deixe as coisas acontecerem naturalmente e tente reverter a dor que agora sente por perceber que já não é mais o dono dos planos de quem tanto quer bem.

É hora de viver sua vida. Única e exclusivamente viva sua realidade.
Pare de sonhar e entenda que chegou a hora de viver uma vida convencional e ainda com um Kinder Ovo, mas não se preocupe com isso, pois se souber lhe dar com esse fato sairá de boa dessa.

Fique bem cara, e não esquece de fingir que nada aconteceu.

A melhor hora da sua vida pode estar bem por aqui e você até hoje não a notou.

Força!!!

Sublime Beleza

Não falta muito tempo, estou chegando.
Marque os dias, conte as horas e não esqueça
A tua ansiedade, pois mesmo daqui,
Ela me aproxima cada vez mais de ti.

A cada passo tordo, ou simples tropeço,
Percebo a força que a distância tem em
Nossas vidas, e o quão dependentes somos,
E nem sabemos quem somos direito.

Façamos de nosso primeiro encontro
Um reencontro. Que ele seja um momento
Único e eterno para o resto de nossos dias.

Sei que vamos sentir a dor da despedida, o poder
Caustrofóbico da saudade, mas acima de tudo,
Conheceremos a sublime beleza de um abraço de quem ama.

08 abril 2006

Início da Fundamentação Degenerada

“Uma vida sem degeneração não seria vida, e sim uma pseudo-sub-existência”.

Renata Cavalcante


Se existem várias versões sobre a origem e iniciação da vida humana na terra, pouco pode ser dito em relação à validação desta existência.
Poucos foram aqueles que saíram do submundo da mesmice e atingiram lugar significativo na história da humanidade.
Menor ainda é o número daqueles que não aceitam as imposições e normas vigentes do status quo do meio social.
Renegar o que é de praxe, questionar o que é certo, infringir o que é legal, blasfemar sobre o que é sacro, são apenas algumas das características de um ser degenerado.
Certa vez, brinquei que me regenero me degenerando, e a frase foi aceita por toda a “cúpula degenerada”, tornando-se um verdadeiro princípio desta nova “corrente filosófica de buteco”.
Um dos maiores escritores da literatura mundial, o alemão Jonn Wolfgang Goethe acertou ao dizer que: "Enquanto não souberes morrer e renascer, serás um viajante aflito a errar na terra escura."

Não existe fórmula para vencer na vida, sem derrota.
Por outro lado, não existe derrota que seja tão significativa ao ponto de perdermos a ânsia de viver.
A degeneração é a existência e a comprovação da essência humana. Todos os pensamentos que vão contra esta tese se unem no que podemos chamar de uma pseudo-sub-existência intelectual.

"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela."

Charles Chaplin

03 abril 2006

Breve Teoria do Conhecimento Desconhecido

Conheço o desconhecido.
Desconheço o imaginário.
Imagino o que é real.
Realizo um antigo sonho.
Sonho com o que é intenso.
Intensifico o que é diferente.
Diferencio o que é estranho.
Estranho o que é belo.
Embelezo o que é complicado.
Complico o que é relativo.
Mas aprendo a tornar relativo o que é desconhecido,
E às vezes desconheço os sentimentos mais simples que qualquer um deveria conhecer.

31 março 2006

O Próximo

Não limite sua capacidade homem!
Pare logo com isso!
O que faz a tanto tempo escondido atrás deste balcão, meu rapaz?
Será que nunca perceberás que existe um turbilhão de coisas que acontecem no mundo abafado lá fora, diferente deste que te congela e te pára no tempo?
Quantas vezes ainda preciso te lembrar que por mais que necessite desta grana não há dinheiro que compre a sensação de realização profissional, ou pelo menos o alívio de entrar em seu ambiente de trabalho e não sentir mais o peso e a tensão que hoje te incomoda toda vez que põe os pés naquele maldito lugar?
Sim, existem algumas pessoas que se salvam por lá, mas vale a pena agüentar tanta exploração sendo que você está em um ambiente hostil?
Vale a pena sair sexta-feira para “comemorar” com todo o pessoal mais uma semana de trabalho, enquanto em quase todos os momentos ouviste lamentações e intrigas?
Você sabe que não é uma questão física, mas mental, que te cansa e te corrói a cada dia, pois não existe aprendizado que possa ser levado como experiência de vida naquele lugar.
Sabes que não faz o bem e que por muitas vezes engana clientes, para ocultar uma verdade suja e que não compartilhas.
Lá, tu esqueceste que és homem. Não passa de um código funcional: 6.112.072.
Quem pagou para você todas as tuas diferenças de caixa, e pagará a próxima, a maior de todas: Tu!
Filho meu, peço que ouça a voz do teu pai, pois como sabes sou onipresente, onisciente e onipotente.

Jamais te abandonarei!

Pense bem em tudo isso meu rapaz, mas agora DÁ PRA CHAMAR O PRÓXIMO PORQUE A FILA ANDA, PORRA???

28 março 2006

Carta aberta à alguém que já faz parte da minha vida

Cabeça,

Estou com o pensamento longe, bem longe...

Queria estar aqui em frente a este teclado, mas sinto que não é apenas a minha mente que está distante.
Meu coração, minha vida, meu futuro, meu sonho... Tudo se afasta.
O silêncio grita aos pés do ouvido desta alma, e um sussurro estremece toda e qualquer chance de fingir que a felicidade está aqui.
Seria demasiadamente cômodo ter uma vida simples, feliz e sem complicações.
Mas não sou assim.
Não nasci para ser assim.
Como gosto de lembrar sempre: “Sou um simples cara complicado, buscando o equilíbrio sempre desequilibrado. Alguém que não sonha em ser feliz, pois já é feliz em sua realidade sonhadora”.
Buscarei a felicidade em cada sonho e entenderei que, em breve, o sonho maior estará no norte, e não será um horizonte tão distante.
Sei que quando as ondas do mar baterem posso até cair, mas foi pra isso que eu aprendi a nadar. Darei gargalhada e surfarei nas ondas dessa complicada história.
O sol está brilhando lá fora, eu sei disso. Assim como tenho certeza de que já é a hora dele brilhar para nós também.

Ai,
Um novo caminho, uma nova vida, um novo sonho.... Tudo isso abre espaço para uma nova esperança.

Aqui, um grande beijo e não esqueça que estarei sempre com você.

Ah, e espero que dessa vez nossos anjos da guarda trabalhem em sintonia e transformem todas as horas simples ou complicadas, nas melhores horas de nossos dias.


“Pra nós dois sair de casa já é se aventurar”
(Rodrigo Amarante)

25 março 2006

Devaneios Degenerados

Terceiro Devaneio - A Musa


Nunca soube diferenciar sensualidade de sexualidade, mas definitivamente a imagem que enchia de luz sua retina era de fato a harmonia perfeita entre os dois termos, com doses cavalares de carisma.
Um corpo escultural, quase caricato, se contrapunha a um sorriso delicado, que não era direcionado a qualquer um.
Cabelos longos, e dourados, pernas grossas e lisas, seios imperialistas e um rebolado que deixava todos os marmanjos daquela distinta casa de família com cãibras no queixo.
Todos esses elementos eram mínimos, perante a doçura de seu olhar que ao mesmo tempo em que apaixonava, consumia o coração, que desesperado bombeava sangue para todas as partes do corpo, promovendo assim alguns constrangimentos.
Lógico que ele não liga para isso. Sua alma também está ereta, pois se completou naquela noite.
Pergunta a uma garota quem é a tal musa, mas não obtém a resposta que satisfaça sua inquietude e não há mais nada a fazer a não ser ir de encontro com o prazer.
Dá uns sete passos até esbarrar em um maldito bêbado, que derruba em seu corpo um copo inteiro de chopp. Seu corpo fede, mas, neste momento nada importa: A rosa mais delicada e letal de sua vida está em sua frente, exalando todo seu perfume e prazer.
Olha ao palco. Está a menos de dois metros da mulher que procurou por toda a sua vida.
Espera ansiosamente que ela fite-o ao menos por um segundo, porque assim já poderia morrer feliz. Encontraria a felicidade pela primeira vez, abraçada com a morte.
Algo estranho acontece.
Não deveria ter piscado os olhos em momento algum. Sim, esse foi seu maior erro.
Lá estava ela, a felicidade, ou melhor, a morte.
Dançando com uma máscara preta, completamente ensangüentada, e com uma faca entre os seios, sua musa não se passava de um anjo vermelho.
Não entendia os motivos, mas agora a dança da morte o fitava e esta sensação lhe causava um frio na espinha que chegou a deixa-lo paralisado.
Atordoado e não remunerado com a felicidade o impostor descobre que a maior farsa que existe é o próprio sonho que carrega consigo. Abandona-o.
Abre seus olhos, senta na cama, ainda perplexo, e lembra-se que não tomou seus remédios. Pega dois comprimidos, vai até a cozinha e com um copo d’água toma um porre de realidade: É hora de acordar!

24 março 2006

Devaneios Degenerados

Segundo Devaneio – Las Tequilas

Sempre quisera compreender a importância de uma noite de sono bem dormida, mas jamais se conformou em perder oito preciosas horas de sua vida, deixando seu cérebro em ponto morto. Não existe excitação alguma em ver uma frota de carros emparelhados, todos eles prestes a engatarem a partida. Dormir é esquecer que o tráfego pode fluir. É fingir que não existe ninguém fazendo sexo em clubes imundos e mal freqüentados. É jubilar o desperdício de um terço do dia, enquanto todos os anjos que um dia moraram no céu, comandam a noite, e o todo poderoso tira um cochilo no jardim do Éden. Mas dizem que existe uma opção menos dolorosa neste menu de torturas: o sonho.
Pois bem, resolve se concentrar e deixar este tal de sonho fantasiar esse hiato tedioso, e com muito esforço suas pupilas se fecham e o motor do carro desliga.
Entre uma nuvem espessa de fumaça e um avião em queda, transgride todos os princípios da física, até chegar ao campo de aterrissagem, um puteiro, óbvio.
Ao entrar na espelunca se depara com um segurança de quase dois metros de altura, mas passa ao lado dele descarregando sua fúria com um sutil carrinho na nuca, e o leão-de-chácara estranhamente não consegue se levantar.
Percebe que tem super poderes e que pode enfim sobrepor a tortura de viver em plena insegurança. Abraça logo a primeira louca que aparece pela frente, e sem medo e nem respeito chama-a de vadia, para alimentar sua alma de macho chauvinista.
Pede uma dose de tequila e a garçonete trás logo uma garrafa, junto com meia dúzia de limões já cortados e um pratinho de sal enfileirado, que mais parece uma carreira de cocaína. Bebe a primeira dose, o que certamente o derrubaria se estivesse acordado. Coloca novamente sal entre os dedos, chupa o limão e manda a segunda dose pra dentro. A terceira, a quarta, até perder a conta. Porém, suas pernas permanecem firmes e logo decide ir em direção ao palco, onde uma imagem instigante o atrai...


Continua...

23 março 2006

Devaneios Degenerados

Primeiro Devaneio – A injeção

Não remunerado , o impostor segue os primeiros passos da escuridão, que custou a aparecer após toda aquele pífio sentimento reluzente, que ludibriava as fronteiras do conhecimento, e se embasava no empirismo puro, destruindo qualquer pacto com a razão. Ouve a chuva tilintar na janela de seu quarto, tal como moeda em bolso de bêbado traído em busca de uma noite de porre escapista. Vê as primeiras gotículas transgredirem as frestas que o protegem do mundo lá fora. A água escorre pela parede branca, mais negra de todo bairro. Sua consciência determinou que cada rachadura tem a representatividade de uma pequena cicatriz. E, a cada chuva, a cada nova rachadura, o impostor vai pagando sua dívida com a chuva da vida. O sono não vem, e as reminiscências dão o colorido especial para toda aquela escuridão.Lembra-se do primeiro beijo: um encontro de bocas desencontradas e inexperientes, que com afobação e arrogância, julgavam-se donas das verdades mais abstratas. O abstrato não é verdadeiro, o verdadeiro é concreto. Não existe verdade que resista a abstração e que não se transforme em sonho, após a primeira injeção de palavras subliminares. A primeira hora da madrugada já foi completada, sem que um mísero pensamento pertinente passasse por sua cabeça. Entre as abstrações e suas pseudoverdades, resolve encostar a cabeça no travesseiro que o espera na cama...


Continua...

21 março 2006

O Vôo Breve de um Falcão

- O que você vai ser quando crescer?

- Quero ser bandido!


Os 58 minutos do Documentário Falcão – Meninos do Tráfico, que foram ao ar no último domingo no “Fantástico”, da Rede Globo, em edição especial para o programa (já que as mais de 90 horas de gravações devem chegar aos cinemas, provavelmente no dia 12 de Outubro, em um Documentário adaptado para a linguagem das telonas), provocaram a maior histeria na sociedade brasileira.
O Rapper MVBill juntamente com seu produtor Celso Athayde, dedicou seis anos de sua vida a percorrer as favelas do Brasil, entrevistando meninos que servem ao crime organizado, como fiéis soldados.
Os falcões – nome dado aos garotos que se expõem na entrada das favelas e que têm a missão de avisar quando os policiais sobem o morro - são uma espécie de sentinela suburbana.
MVBill acertou nas palavras ao dizer que sempre viu o crime organizado sendo analisado por sociólogos, antropólogos e políticos e que, enfim, chegou a vez de alguém da favela dizer o quê e como realmente as coisas acontecem por lá.
As cenas são cruas e lamentáveis, porém altamente verídicas: Crianças consomem drogas como se fossem doces, brincam de linchamento, e dizem que não tem medo da morte, pois nada pode ser pior do que o inferno em que vivem.
Dos 17 meninos entrevistados, 16 já morreram e a pergunta que fica é: Será que alguma coisa vai ser feita para que essa situação mude?
Não.
Assim como MV Bill - que ainda mora em uma favela e é integrante da ONG Central Única das Favelas - desejaria de coração que esta situação mudasse de imediato, e que um verdadeiro exército da salvação invadisse as favelas cariocas, bem como todas as regiões periféricas brasileiras.
Mas desta vez a invasão não pode ser como a última, que aconteceu no Rio, onde o Exército carioca resgatou suas armas, após o furto das mesmas.
O que deve acontecer no Brasil é uma interação entre todas as esferas da sociedade. Com maior distribuição de renda e diminuição das desigualdades sociais, o desenvolvimento começará a ser mais nítido também nas favelas.
O Estado deve intervir levando educação, saneamento básico e saúde para toda a população. A questão da segurança é apenas um estopim, pois nada pode ser feito para mudar a trajetória de uma criança, que tem como único parâmetro o caos. No próprio documentário isto foi detectado quando um falcão responde quem é seu maior ídolo: “Meu Fiel” (traficante que ensina os macetes do crime ao garoto).
Por fim, é sempre bom lembrar que estes pequenos traficantes poderiam ser pequenos médicos, pequenos engenheiros, se tivessem também o apoio da família. Na verdade, a questão nem é o apoio em si, pois o que não existe mesmo é a instituição familiar clássica: mãe, pai e filhos e irmãos.
Os falcões bastardos poderiam muito bem estar do outro lado da câmera como repórteres, cinegrafistas, profissionais ou diretores, mas se isso acontecesse mais uma pergunta seria jogada no ar: “O que alimentaria a perplexidade da apática sociedade brasileira”?

20 março 2006

Saudades de um tempo...

Eu queria que alguém tivesse a oportunidade de ler algo sobre saudade.
Não importa se o tema é batido, se vou citar algum autor, se o texto terá alguma importância social, e porque não, política.
Às vezes canso de ler e de escrever textos compostos de reflexões imutáveis, parâmetros, normas, coisas que não sentimos a menor falta quando a solidão bate, e a carência por ter alguém ao nosso lado é maior do que o anseio de conhecermos os alicerces da razão.
Certa vez, um amigo do primeiro ano de faculdade me disse que ia ao cinema sozinho. Perguntei a ele se não achava estranha esta situação e foi então que ouvi uma das frases que mais me marcaram no início de minha vida acadêmica: “Existe uma grande diferença de estar só e se sentir bem, e de estar sozinho”.
Isso não foi Marx, Sartre, Weber ou Nitzsche quem disse. Era apenas um jovem comum, talvez um promissor gênio, ou um execrado louco.
Quando estamos sozinhos, sentimos saudades de todos os lampejos de alegria, não conseguimos nem se quer fazer um simples programa como ir ao cinema.
Me lembro da minha primeira experiência deste tipo: foi muito estranho.
Ao entrar no cinema e ver todos aqueles casais felizes, me senti o pior dos mortais e tive a vontade de me esconder embaixo da poltrona até que os créditos finais do filme começassem a subir. Não o fiz, mas mesmo assim não consegui ter uma noite agradável.
Hoje ir ao cinema sozinho não passa mesmo de um simples programa, pois posso até estar só, mas não estou mais sozinho, sem esperança. Consigo até perceber que muitos daqueles casais “felizes” não passam de relacionamentos de fachada.
Quando resolvemos nossas crises existenciais, não sentimos mais saudades dessas coisas que são obrigatórias no mundo moderno: relacionamento estável, emprego considerável, vida social aparentemente feliz.

Todas estas aparências caem por terra quando começamos a entender que existe a possibilidade de sentir saudades mesmo daquilo que a gente não conhece 100%, porque saudade não se explica, se sente.
Quando estamos sozinhos e carentes, sentimos saudades.
Por outro lado, quando estamos sós, em ótimo estado de espírito e com nossa mente completamente lúcida, ainda assim sentimos saudades de um sonho que nem sequer sabemos se existiu, ou se um dia existirá.

19 março 2006

Gênios e Loucos

Corro...

Não sei pra onde vou, apenas continuo...
Eles correm atrás de mim, tentam me convencer a voltar, mas estou decidido a caminhar sem rumo.

Não preciso esperar a boa vontade do desgraçado do destino para decidir para onde vou.
Vejo um hospital e dois seguranças na porta, é aqui.

- Me interne, estou louco!


Os caras olham em meus olhos, observam meu estado e não acreditam em mim. Começo a contar um pouco da minha história e eles compreendem que estou alterado. Um dos homens sinaliza que o setor de internações fica no terceiro andar.
Estou pronto para subir.
Quando estou prestes a colocar meu pé esquerdo no tapete do elevador meu pai grita :

- Edgar, Edgar!

Nunca gostei muito de ser chamado de Edgar. Papai achou bonito porque uma vez leu um livro “A Carta Roubada” de um tal de Edgar Allan Poe, e cismou com o nome. Eu até cheguei a ler o livro, gostei do clima de tensão, mas o que mais me deixou intrigado foi saber que este mesmo autor certa vez disse a seguinte frase: "Resta saber se a loucura não representa, talvez, a forma mais elevada de inteligência."

Sempre fui o mais pirado da turma. De todas as turmas.
Quando era para animar um ambiente lá estava eu com a minha invejável alegria, que muitos preferiam chamar de insanidade.
De loucura em loucura, comecei a ser visto como a pessoa mais feliz do mundo, pois sempre estava rodeado de amigos, sorrindo, brincando e fazendo com que os outros se esquecessem de seus problemas.

Tudo isso é muito engraçado. Pois eles nunca pararam para pensar que eu sou um simples mortal, e como tal, tenho problemas também.
Nunca extravasei minhas angústias e talvez este seja meu maior defeito.

Mas hoje foi diferente. Alguém lá de cima(ou lá de baixo) mandou meu velho vir azucrinar minhas idéias. Eu estava tranqüilo com meus amigos bebendo minha tradicional cervejinha, quando o mundo desabou sobre a minha cabeça.

Não importa se eu briguei ou não com minha namorada. O cara não tem que se meter. Não tem que tornar isso público.

Tentei ficar calmo, mas ele me provocava.
Respirava fundo buscando paz, mas a cada palavra que ele dizia meu sangue subia. Quando ele terminou seu discurso pra lá de manjado, minhas mãos já estavam cerradas. Eu queria dar um soco nele. Tive o controle da situação, mas ao ir embora o velho deixou escapar a última besteira da noite, e foi então que fui possuído pela loucura.

Como foi prazeroso esmurrar aquela porta de metal que estava na minha frente! Como me deliciei ao jogar o relógio que paguei a maior nota, sem medo algum no chão!

Agora corro...

Não sei pra onde vou, apenas continuo...

Depois de me confessar aos seguranças do hospital e de ver meu pai arrependido, implorando para que eu volte, percebo que minha loucura é diferente.
Meus amigos me abraçam e choram comigo. Todos repetem.

- Você é meu... você é “muito” meu...

Se o tal de Edgar Allan Poe tinha razão, dizendo que a loucura representa a forma mais elevada de inteligência, sou realmente louco, pois tenho a inteligência e a sorte de ter pessoas tão diferenciadas ao meu lado.

Mas uma coisa é certa: Eles também são loucos!

17 março 2006

Depois do Medo e do Silêncio, que tal um pouco de Esperança, para colocar um pouco de luz nessa página?

A Esperança e o Vento

Ao acreditar na esperança, sentirás
O sopro de um vento que passará
Rente ao teu braço direito, percorrerá
As tuas incertezas rumo ao norte: o seu coração.

Por inúmeras vezes a angústia pode ser
A saída viável, ou o caminho mais simples,
Mas trará consigo um furacão de problemas
Que destruirá suas noites de sono.

O horizonte pode realmente estar longe,
Mas quando foi a primeira vez que tu viste
A felicidade em lado oposto à harmonia?

A paz chega. O vento te abraça.
A lua te acolhe e a esperança acalenta as palavras
Que te guiarão quando a noite estiver escura e fria.

16 março 2006

... ... ...

... S i l ê n c i o ...

15 março 2006

Medo (Segundo Diego Avelar)

O medo era meu amigo.

Já não sabia há quantos dias eu estava sem comer.
Mamãe sempre dizia que era para eu recusar tudo o que estranhos me oferecessem. Mas estes caras eram mais do que estranhos. Mesmo aos quatro anos eu já sentia, que aquelas migalhas de pão emboloradas e aquele leite com cheiro de azedo iriam acabar comigo.
Eu precisava da mamãe ao meu lado. Sentia falta do seu cheiro, do seu abraço, da sua mão que corria por todo o meu cabelo embaraçado descendo até o pescoço e voltando levemente.
Atordoado, comecei a lembrar do meu penúltimo dia de felicidade, quando papai trouxe flores para mamãe e me deu um abraço apertado. Parecia mais uma despedida... Era uma despedida.
Eles tiveram uma noite maravilhosa: prometeram a si mesmo que no último dia de casados relembrariam os momentos em que as desavenças não eram constantes e que havia harmonia naquela casa.
Não sei se sou avançado para a minha idade, mas todos estes pequenos detalhes não esqueci nunca. Parece até que tenho um Memorycard de PlayStation 2 em meu cérebro.
Papai dizia que no tempo dele, as crianças corriam pelas ruas, brincavam de esconde-esconde, pega-pega, pião, jogavam bolinha de gude, taco, e que mesmo assim eram felizes.
Será que papai estava certo o tempo todo?
Talvez, porque em meu último dia de felicidade uma tal de Sofía Avelar, mais conhecida como minha mãe, me levou para passear, coisa que há muito tempo não fazia.
Depois da tradicional visita de final de semana à casa do papai, paramos na sorveteria da esquina e pedi o maior sorvete que minha gula pudesse agüentar.
Estava um calorão, e conforme eu andava, respingava sorvete na camiseta do São Paulo, presente que ganhei domingo passado, quando eu e papai, que é tricolor doente, fomos ao Morumbi.
Mamãe me levou ao parque e logo que chegamos lá um menino folgado me empurrou, mas depois veio outro que me chamou para brincar. Foi incrível! Corremos, nos escondemos, subíamos nos brinquedos, descíamos com tudo lá do topo do escorregador. Eu olhava pra mamãe e ela estava muito feliz, debaixo de uma arvore, vovô diria que era uma figueira.
Quando começou a escurecer, cansei de brincar. Fiquei com sono e mamãe me pegou no colo e me colocou no banco de trás do carro.
Em sua mão, estava uma caixa de lego, que em momento algum eu toquei enquanto estava no parque, e imagino que ela percebeu que aquele brinquedo não tinha mais utilidade, pois finalmente encontrou uma forma de me deixar alegre. Eu não precisava mais construir castelos de felicidade.
Ao entrar no carro, tive uma sensação horrível: meu corpo tremeu, minha boca secou, senti um frio na espinha, enfim dei de cara com o medo!
A felicidade foi embora pela janela do passageiro e nem deu pra ver pelo retrovisor para onde ela se foi. Só ouvi uma voz desesperada, enquanto mamãe entrava no carro e endireitava seu corpo no banco da frente.

– Quietinha dona, ou você já era...

Desesperado, vi que o moço estava acompanhado com mais um outro, e em sua mão uma faca passava rente ao pescoço da mamãe.
Em estado de choque, não tinha como mamãe desobedecer àqueles caras, e os dois entraram no carro, espalhando o lego por todo o banco de trás.
Um deles me forçou a cheirar um pano. Resisti e chorei, mas de repente meus olhos começaram a se fechar e ao meu lado, eu vi a última imagem de mamãe: o vento secava suas lágrimas e seus olhos não fugiam dos meus. Sua boca delicada e gostosa de beijar esboçava alguma coisa, mas meus olhos, meus olhos teimavam em se fechar. Naquele instante me concentrei como nunca, mais até do que quando a tia da escolinha pede pra todo mundo prestar atenção nela. Antes que eu dormisse, tinha que ouvir o que ela dizia. E eu ouvi!

- Diego, Diego, não importa o que acontecer. Não importa o que te façam. Quando você sentir medo e ver tudo escuro lembre-se dos momentos em que foi feliz, meu filho...

Dias se passaram e eu resisti. Não sei de onde tirava aquela força toda.
Sem comer, mal conseguia dormir, e não tinha nem idéia de onde estava a mamãe.
Os dois seqüestradores quase não falavam comigo e eu mal ouvia conversas entre eles.
Um dia o Cacá, que deveria ser o cérebro da dupla, saiu e então eu tentei descobrir algumas coisas com o outro, que era meio doidão, o Neguinho. Comecei perguntando pela mamãe e ele nada me dizia. Insisti, insisti e ele me deu um soco.
Nunca havia apanhado na vida, e aquela dor foi demais pra mim. Comecei a chorar. Minhas lágrimas eram uma mistura de dor, fome, desespero, saudade, angústia e, principalmente, medo.
Eu estava jogado num quarto escuro, perto de um buraco onde passava uma água fedida, acho que era lodo. Fechei meu corpo em silêncio.
Mesmo assim, o Neguinho estava transtornado e me bateu de novo. Me levantou pela camisa, rasgando o manto sagrado do meu pai, e me jogou longe.
Viu uma pá de pedreiro e veio com ela em minha direção. Bateu em minha cabeça e tirou da cintura uma faca mais enferrujada do que os trilhos daquele trem antigo que um dia pegamos quando visitamos o tio Adolfo, que mora na zona leste.
Acho que lembrei de todas esses detalhes, porque dizem que quando estamos perto do fim, um verdadeiro filme passa em nossa mente.
Neguinho se aproximava, e eu não sentia mais medo. O medo tornou-se meu amigo e aprendi a conviver com ele. Me concentrei de uma forma ainda mais intensa do que a daquele dia no carro.
Aos poucos lembrava do último beijo dos meus pais, daquela noite maravilhosa, da forma como eles me olharam.
Me lembrei da euforia do papai ao me abraçar na hora que saiu gol no Morumbi, e de como gritei com emoção e satisfação por estar ao lado da pessoa que eu mas sinto saudade na vida. Quando chegava o final de semana, ele me abraçava e jogava pro alto, e eu via naqueles olhos, o homem que eu queria ser.
Me lembrei de como era gostoso empurrar a tia e sair correndo da escolinha direto para o carro da mamãe, que me levava para almoçar, sempre um prato especial, feito com muito carinho. Em casa, fingíamos que papai tinha saído, que estava em uma viagem de negócios e que só o veríamos no final de semana.

Neguinho estava na minha frente.

Fechei meus olhos e tentei lembrar as palavras que a linda Sofía me disse naquele carro.

Sintia algo entrando em meu corpo. Era a faca do Neguinho.

Pai, não deixaram que me tornasse o homem que o senhor é, mas pode ter certeza que serei sempre o seu Diego, o seu Anjinho.

Mãe, estou pronto... não importa o que acontecer. Não importa o que me façam. Sinto medo e vejo tudo escuro, mas eternamente lembrarei dos momentos em que fui feliz, afinal, fui seu filho.

Versões

O próximo texto trata-se da visão do menino Diego Avelar, em relação ao seu seqüestro.

Para ver a visão de Sofía( a mãe do menino) acesse: http://www.teotema.blogspot.com

Para ver a visão dos seqüestradores acesse: http://www.eitablog.blogspot.com

14 março 2006

Bala Perdida

Tinha a intenção de postar um assunto mais leve, e de continuar no ritmo das grandes paixões nacionais, conforme indicação de uma assídua leitora. Porém, na noite desta segunda-feira, ao assistir ao filme “O Senhor das Armas”, uma revolução explodiu em minha mente.
Longas que se baseiam em fatos reais para escancarar ao mundo as atrocidades provenientes da ganância humana são sempre bem-vindos em nossa atual conjectura caótica.
“Chinatown”, um dos melhores trabalhos do diretor Roman Polanski (“O Pianista”), explora os elementos do cinema noir, com uma impecável atuação de Jack Nicholson, remetendo ao espectador a seguinte certeza: não importa o que aconteça. Ainda pode ficar pior.
A contundência deste filme, que relata escândalos envolvendo gângsters de Los Angeles e um obscuro esquema de distribuição de água e energia na cidade, pouco tem a ver com o tema “bombástico”, que ronda esta página.Trata-se de um pequeno gancho para salientar, o quão desprezível é a ambição humana.
No Oscar deste ano, filmes com o mesmo caráter denunciativo de Polanski obtiveram êxitos levando uma ou mais estatuetas na noite de gala do cinema americano.
O grande ganhador da noite, “Crash – No Limite”, relata a história de pessoas de etnias diferentes que se colidem na dor e se unem na esperança de vencer o preconceito.
George Clooney, que por diversas vezes criticou a doutrina Bush, levou o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo intrigante Syriana – A Indústria do Petróleo. Foi um verdadeiro tapa na cara nos donos do ouro negro.
Fernando Meirelles que fizera uma brilhante crítica à origem e ao ciclo da violência nos morros cariocas no filme “Cidade de Deus”, surrou outra Indústria poderosa: a farmacêutica, no comovente “O Jardineiro Fiel”.
Dois outros longas desta safra politizada merecem destaque: “Marcas da Violência”, que é praticamente auto-explicativo, e “Hotel Ruanda”, um dos poucos filmes ocidentais que expôs a todos os cantos do planeta um genocídio que matou mais de 1 milhão de pessoas enquanto a maioria da população distante do continente africano fechava os olhos para o massacre.
Todos estes filmes produzidos e distribuídos em momentos quase idênticos não seriam uma espécie de confissão extra-oficial do Tio Sam ao mundo, que seu país é um total fracasso em relação a acordos de paz com a ONU, miscigenação étnica, tolerância racial, e apoio à questões humanitárias?
Talvez quem possa dar esta resposta seja George W. Bush, ou seu algoz , o documentarista Michael Moore uma das principais vozes anti-republicanas nos Estados Unidos. Seus dois principais trabalhos: “Firenheit 9/11” e “Tiros em Columbine” foram considerados por muitos americanos como um insulto à pátria.
O primeiro debocha da incompetência do atual presidente americano diante do mais relevante atentado terrorista da história moderna. Já o segundo, é um ancestral de “O Senhor das Armas”, pois destaca a facilidade que a população americana tem para comprar uma arma, talvez o maior fascínio daquele povo.
Em “O Senhor das Armas” Nicolas Cage no início do filme sentencia que é produzida uma arma para cada 12 cidadãos do globo terrestre, e que é necessário armar os outros 11.
E sem querer ser estraga prazeres, termina com uma seguinte constatação: “A paz é pouco atraente para os grandes negócios, e por mais que acabem com os vendedores de armas os países continuarão vendendo , pois hoje os maiores exportadores de arma e munição são, Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia, hilariantemente os cinco países que tem cadeira fixa no conselho de segurança da ONU.
A paz não era mais do que uma bala perdida, que perfurou o coração da esperança e encheu os bolsos dos senhores da guerra.

13 março 2006

Ronaldos e Eduardos

No último domingo, em coluna publicada no jornal Folha de São Paulo, o jornalista Juca Kfouri salientou que ainda acredita em “Ronaldos”.
O atual melhor jogador do mundo, eleito pela Fifa(diga-se de passagem, por duas vezes ) é , sem a menor dúvida, nome certo para brilhar na Copa do Mundo da Alemanha que ocorrerá daqui a 87 dias. O talento e a genialidade de Ronaldinho Gaúcho, fazem do craque uma unanimidade nacional e internacional. O ex-craque Tostão declarou no mesmo jornal que “Ronaldinho só está abaixo de Pelé, igualando sua habilidade ao lado de jogadores como Garrincha e Maradona”.
Um exemplo claro de sucesso.
Por outro lado, Juca aposta suas fichas em Ronaldo do Real Madrid, o antigo “Fenômeno”.
Assim como o jornalista, milhares de brasileiros, entre eles eu e o presidente Lula, têm a nítida noção de que o jogador novamente superará seus conflitos, já tão constantes.
Ronaldo vive a roda gigante da vida: Um dia está lá no céu, nas alturas. Tem picos de felicidade e se sente o dono do mundo. Em outro, está embaixo e não vê expectativa de subir. Nessa roda gigante da vida, às vezes quem está em cima cospe na cabeça de quem está embaixo.
Da mesma forma que cuspiram em Ronaldo, fizeram com o ex-técnico corinthiano Antônio Lopes. A alta cúpula do clube paulistano não deu ao treinador estabilidade para que o mesmo fizesse um trabalho harmônico e o que era pra ser um plantel de jogadores de futebol tornou-se um contingente militar.
Não que eu seja contra uma guerra civil no Corinthians, mas este tipo de fato só evidencia que quando não há comando, não há disciplina. Não falo como um general, nem como um técnico linha dura( Felipão e Parreira têm como livro de cabeceira “A Arte da Guerra” de Sun Tzu), apenas alerto que para que essa falta de comando seja suplantada, deve haver uma anarquia consciente, semelhante à democracia Corinthiana, da Década de 80.
Para vencer este jogo, não precisa de “dadinhos de brinquedo”.
Chegar até ao topo, já é chegar até o final.
Mas qual é o benefício de atingir o apogeu, sendo que ainda há muito que viver?
Certo vez, o historiador Hugo Leonardo Dias defendeu a tese de que vivemos o Play Station de Deus: um jogo no qual o todo poderoso é o grande controlador de nossas ações: ele que nos dá créditos, “continues”, e decide o veredicto, o chamado game over.
Se as coisas acontecerem realmente desta forma, Deus ainda dará muitos créditos aos “Ronaldos”, aos “Severinos”, aos “Eduardos”...
Espero que ele não seja corinthiano, porque se for, em breve vai tirar todos os créditos que concedeu a este humilde tricolor. Exceto é claro, aqueles "continues" por vitórias que consegui vencer sozinho, no adverso jogo da vida.

12 março 2006

Mesa Quadrada

Durante a próxima semana este blog será pontual: cada dia abordará um determinado assunto com o intuito de esclarecer, ou confundir a cabeça dos seus leitores: eu e mais uns cinco gatos pingados...

O primeiro assunto a ser retratado será uma análogia do futebol com a realidade, o jogo da vida.
Este tema foi escolhido não só pela euforia da vitória do tricolor querido, ante aos gambáticos por 2 x 1 , mas para dar a visão de que em ano de copa, no país do futebol, não há como fugir de comparações entre a bola e o mundo.

É só esperar o apito do juiz...

11 março 2006

O que há?

Em teu seio não há mais esperança.
Em tuas mãos não há mais projetos.
Em suas pernas não há mais forças para andar.
Em sua mente não há mais raciocínio lógico.
Em seu coração....
Que coração?

10 março 2006

Deformado Formado

Há pouco mais de quatro anos, este cidadão entrava para o seleto grupo daqueles que tem uma oportunidade de ingressar em algum tipo de curso acadêmico.
Naquela época o nosso ilustre protagonista saira de um relacionamento que durou quase dois anos, mas seu pensamento em uma vida nova, com novas perspectivas e rumos era a morfina que fazia com que seu coração continuasse a bater.
Logo no primeiro dia de aula, o jovem calouro embasbacado com o ambiente universitário, foi facilmente descoberto pelas feras que habitavam uma selva chamada, Unisa.
Completamente domado, o novo "bixo" apenas seguia os comandos, afinal "bixo não tem direito a nada: bixo não bebe, não senta, não fala alto com veteranos". Ou melhor, bixo tem obrigações: doar dinheiro, fazer pedágio, ser batizado e , se tratando do curso de rádio e tv, tem que aprender um hino: "Ô Balancê, balancê, somos de rádio e tv, entra na roda e o bixo vai ver, somos de rádio e tv".
Todo esse ritual, já inerente ao curso, serve para que o aluno se integre com sua turma, numa diversão amistosa, e que será lembrada pelo resto da vida.
E não é que é lembrada mesmo?!
Uma copa do mundo se passou e mesmo assim não dá para negar que todos aqueles pequenos momentos foram tocantes, por mais que fossem hilários.
De aluno de comunicação social com habilitação em rádio e televisão, passo a ser um comunicólogo.
O que mudou?
Nada.
No preto no branco mesmo, continuo como um bancário que tem aspirações, sonhos e desejos que um dia serão concretizados, isto é, se houver no mínimo muito trabalho e dedicação para transformar o abstrato em cotidiano.
Não desisto, e hoje não há "até quando" que me deixe com um pingo de arrependimento em ter escolhido uma área maravilhosa, que não tem um campo de mercado maravilhoso, é claro, mas que me faz olhar além das barreiras previsíveis do sistema capitalita, onde é possível sim ser alguém feliz com o que faz.
Ouvi na formatura que "ninguém estava com ilusão de ser rico ou famoso" e me conforto em saber que existem mais pessoas que escolhem suas futuras profissões em busca de um mesmo ideal.
Se o sucesso vier ele virá não por acaso, mas por reconhecimento.

Obrigado à todos aqueles que estiveram comigo neste caminho, que apareceram na formatura, ou que estavam de coração presentes em cada momento.

09 março 2006

Agora Vai!

Este pequeno post tem a missão de relatar um marco na história da humanidade: o dia em que uma máquina degenerada, um computador, dito perdido, ressurgiu como uma fênix, e, enfim, poderá colocar ordem nesse brejo.

Espero...

07 março 2006

Até Quando?

Um salve aos degenenerados da noite, obviamente, já sem salvação.
Enquanto a diversão se extendia pelas horas da calada paulistana, um bando de desaprumados percorria as ruas da cidade em busca de uma resposta para uma pergunta que teima em persistir: Até Quando?
Não é possível ou justo que tudo conspire contra aqueles que buscam a liberdade.
Passos em vão, chuva cortante, visão categórica do mapa do inferno. E, por onde anda o gerente dessa bagunça? Será que algum homem de bem pode chamá-lo lá no céu?
Talvez o ceticismo de uns e as frustrações de outros nos afastaram ou nos cegaram das verdades convenientes, que só os outros vêem.
Pobreza, noites sinístras,ônibus, lotação, abandono. Até Quando?
Parafraseando o som da Plebe Rude: "Até quando esperar a plebe ajoelhar esperando a ajuda de Deus?"
De joelhos ninguém está, mas precisa mesmo?
Trata-se de um desabafo.
Palavras sem sentido...
Mas porque deveriam ter algum sentido?
Por que deveriam ser claras, simples e objetivas?
E acima de tudo, por que tenho a certeza de que essa ainda não será a última indagação, pois uma outra ainda me incomoda: Até quando viver no ostracismo, às margens da plenitude da vida?

03 março 2006

Sete!

Sei que a estrela vai brilhar longe daqui, mas quem sou eu pra impedir que o céu guie a noite vã, distante do coração de quem ficou pra trás.
Rumo ao norte, desviando da sorte sem medo de ter medo do que não conhece, pois o que ficou para trás é pouco para um sentimento quase louco, que não tem nenhuma relação com a utopia.
Falamos de lógica, de assuntos embasados em fatos, mas qual é a razão que afasta esta estrela daqui?
Se vai para o norte, me deixe forte para que eu possa entender os fragmentos do que ficará. Estou cansado de ter as coisas pela metade.

Mas se vai, aproveite enquanto tenho forças para desejar você além da utopia, e te querer em um sonho, que pode até acabar em pizza, mas com toda certeza, com 7 camadas de queijo.

26 fevereiro 2006

Perfil

Um simples cara complicado buscando o equilibrio sempre desequilibrado. Alguém que não quer ser feliz , por que já é feliz em sua realidade sonhadora.

25 fevereiro 2006

Carnaval de Motoboy

Nunca fui a favor de blogs que sejam do tipo relatório diário, com sitações como "hoje acordei de mau humor", "meu ônibus atrasou" etc, etc.
Também, acredito que repudiar este tipo de forma de expressão não deixa de ser tão clichê quanto o próprio ato em si de narrar os feitos do cotiano.
O que acontece hoje é um tanto quanto diferente, pois necessito realmente transpor estes assuntos prosáicos neste devido espaço.
Afinal, é carnaval, e o que estou fazendo em frente à um computador?

Na noite de hoje imaginei que chegaria aqui apenas para dizer coisas agradáveis, mas ouvi algo que me deixou com uma certa mágoa, pois eu jamais imaginava ouvir tais palavras de uma pessoa que eu tanto admiro. Se fosse uma saraiva de verdades tudo bem , eu entenderia e até levaria numa boa, mas tudo foi tão inverossímel que eu prefiro acreditar que foi uma forma de expressão errada.
Sei que quando alguém ler isso pode até saber do que se trata, como sei também que 90% dos demais vão achar esta mensagem completamente desconexa.

Neste caso deixo um recado aos 10% que sabem do que eu estou falando: foi tudo um grande mal entendido e por mais que vocês acreditem no que foi dito eu reintero que jamais abandonarei minhas raizes e as pessoas que eu amo para me entregar ao espetáculo dos relacionamentos fictícios.

Somos motoboys da mesma empresa e dançamos a melodia do mesmo carnaval.

24 fevereiro 2006

Let's Rock

“ A música pode transformar o mundo, pois ela pode mudar as pessoas”
Bono Vox

Até sábado era loucura viajar mais de cinco horas para ver Rolling Stones nas areias de Copacabana no Rio, como todos sabem, de graça.Muitos dos senhores do apocalipse tinham certeza que aquele show seria um verdadeiro massacre, um perfeito caos (talvez o trauma do acidente da “Banda Rebelde!?”, dava ao subconsciente destas pessoas a convicção de que a tragédia maior estaria por vir.Lógico, em um universo de 1, 2 milhões de pessoas, ocorrências como assaltos à mão leve, ou desmaios por causa do calor são completamente aceitáveis. Quanto ao acidente da rebeldia, só posso lamentar, pois o Shopping Fiesta não tem nenhuma estrutura para um evento digno de que saia em alguma manchete de jornal. Como os organizadores do evento desafiaram essa lógica eles ganharam a sua notícia.Mas deixando os rebeldes sem causa de lado, volto a alegria e o prazer de assistir à um espetáculo como o dos Stones.Não foi apenas um show, foi simplesmente o show de maior público da maior banda de rock and roll da história. Talvez tantos superlativos se justifiquem no nome da turnê: “A Bigger Band Tour”.Mas eu não consigo me satisfazer, eu tento eu tento, mas eu não consigo!Segunda-feira dia 20:Bancário ainda cansado de uma exaustiva, porém inesquecível viagem ao Rio, começa sua maçante e enfadonha rotina.Entre uma e outra autenticação, entre um e outro esporro, entre um e outro cliente estressado o rapaz percebe que já são 5 horas, quando atende a última pessoa que estava no banco.Seu expediente já se excedeu em mais de uma hora, mas quem disse que ele pode sair mais cedo?Quando tenta reunir argumentos convincentes, de que realmente precisa ir embora é indagado da seguinte forma: “Mas outro show?”, e em seguida os brilhantes comentários “Você é louco mesmo”, “ Só você mesmo”.Será que sou apenas eu?Some mais de 1 milhão, com pelo menos 1 milhão que gostariam de estar na noite do Morumbi, e já teríamos a população superior a da maioria das cidades brasileiras.O U2 é do tipo de banda que tem todos os atrativos necessários para obter respeito e lealdade com seus fãs e para marcarem suas vidas com pouco mais de duas horas de show.Hinos para serem berrados em estádio, músicas introspectivas, carisma dos integrantes, qualidade na elaboração das letras e melodias, presença de palco, interação com o público, preocupação com causas sociais e humanitárias, e o mais importante para um belo show de rock: diversão.Digo que me diverti ao entrar no Morumbi ( e olha que não era dia de jogo do tricolor).Digo que me diverti ao ver a luzes do palco se ascendendo.Digo que me diverti ao sentir emoção.E é a mesma emoção comovente e divertida, que me faz lembrar de uma pontual frase de Sir. Mick Jagger:

“I Know. It’s only Rock ‘n Roll. But I like It”