29 setembro 2006

Príncipe ou Sapo?

Ele pode não ser tudo o que eu sempre desejei, mas que foi um desejo muito bom, isso é indiscutível.
Desde a nossa primeira noite, quando me mostrou sem pudor a magia de ser mulher de verdade. Eu juro que não queria. Não naquele momento... Resisti. Mas da mesma forma de sempre, foi mais esperto e me agarrou sem deixar que qualquer linha de raciocínio impedisse que meus lábios fugissem. Era tão simples, tão prático, mas fui envolvida por aquele abraço. Morreria nos braços dele, quantas e quantas vezes a eternidade me pedisse.
Um homem diferenciado, mas com uma simplicidade ímpar, que chega até a me confundir. Príncipe, ou sapo?
Todas as noites que o vazio bate e percebo que poderia encontrar algumas respostas nele, bate uma sensação estranha.
Já não está mais aqui.
E não está, porque assim eu o quis.
Sempre me dizia que era melhor xinga-lo a trata-lo com indiferença. Paguei caro por ser indiferente. Mas não queria ser assim.
Na verdade, não si me expressar. Não sei dizer o que estou sentindo. Nem bem sei se sentia algo forte de verdade, se era só atração carnal. Mas era atração.
Hoje, sei que está sozinho, mas não posso fazer nada. O filha da mãe é muito orgulhoso, jamais entenderia minha mente complicada.
Como se ele fosse um exemplo de decisão e de cara bem resolvido.
Maldito.
Sei que estás à procura de alguém, porque se perdeu durante suas próprias falhas.
Mas nada disso mais me importa.
Tenho certeza que em algum lugar de sua consciência gravou meu nome. Em algum lugar de sua carteira, guardou a entrada de nosso primeiro cineminha. Em algum lugar da sua primeira gaveta, está aquela carta já amarelada, do nosso primeiro aniversário. Em algum lugar do seu coração, está a reminiscência da única mulher que o amou de verdade.
O sol bate forte em meus óculos escuros, que escondem meus olhos marejados.É hora de deixar essas flores aqui a espera que o vento as carregue até os céus, e entreguem ao meu anjo, pois sei que sua doce imortalidade irá me perdoar.

27 setembro 2006

Que Assim Seja

Se for para me abraçar, me beije.
Se for para me entender, me complique.
Me faz menino, homem que sou.
E faz eterno e perecível o amor.

Sou confuso, mas sei que te quero.
Sou impaciente, mas sei que te espero.
E não para agora, e não para amanhã,
Tampouco, para quem não se aventura.

Troque o desejo, pela quietude de estar só.
Quando estiver só, pense apenas em nós.
E quando estivermos juntos, não pense em nada.

Ao cair da noite, mais nada importará.
Se for para me abraçar, me beije.
E se for para me iludir, que assim seja.

23 setembro 2006

Carta ao Leitor

“O Brasil está a uma semana do primeiro turno da eleição presidencial. Mas o que deveria ser a celebração da democracia ocorrerá sob a sombra de um escândalo cuja conseqüência mais trágica pode ser até a anulação do resultado nas urnas... o Partido dos Trabalhadores é hoje uma agremiação em frangalhos, sem credibilidade, resultado de um processo de autodestruição ética já apontado por uma reportagem de capa de VEJA de setembro do ano passado”.

Editorial da Revista Veja – Edição 1.975 – Setembro de 2006


Sinceramente, não sei por onde começar.
Se estivesse brincando de jogos dos sete erros de antemão poderia discorrer todos os erros desta informação e ainda sobrariam mais uns três para garantia no caso de uma certa margem de erro.
Vamos a eles:

Erro 1: O Brasil não está apenas a uma semana do primeiro turno da eleição presidencial. No pleito de domingo, serão eleitos também governadores, senadores e deputados. Informação quase óbvia, mas quando omitida no trecho editorial da revista, denota qual o verdadeiro interesse da publicação: atingir o governo federal;

Erro 2: “Celebração da Democracia?” – Uma sociedade democrática de direito não celebra seus direitos apenas em dia de eleição, celebra dia-a-dia, pois a transição de uma era militar ditatorial, para um processo de voto livre deve ser lembrada sempre. Mesmo que transcorridos quase 20 anos.

Erro 3: “Sombra de um escândalo” – Apesar do dinheiro que foi apreendido pela polícia federal ser oriundo do PT, em nenhum momento a revista faz menção ao PSDB, ou a qualquer partido de oposição que possa ter ligação direta com o caso, sendo assim a principal sombra petista.

Erro 4: “Anulação do Resultado nas Urnas” – Utopia Vejista?

Erro 5 : “O Partido dos Frangalhos” – Segundo os especialistas na área política, o Partido dos Trabalhadores será um dos mais bem sucedidos após o dia primeiro de Outubro. Estabilizando sua bancada em grande parte dos Estados.

Erro 6 : “Autodestruição Ética” – Segundo a Revista Carta Capital que acaba de sair nas bancas “ O lado escuro do PT expõe a banda podre do partido. Ao agir na penumbra, em associação com a máfia dos sanguessugas, o grupo arrasta o presidente mais uma vez para o centro da crise”. Percebem a diferenciação? A primeira Revista ataca diretamente a figura presidencial, despejando o preconceito em relação à figura de Lula; enquanto a segunda aponta quem são os responsáveis pela crise: a banda podre e escusa do partido.

Erro 7 : Perder meu tempo lendo uma revista formada por uma agremiação jornalística em frangalhos, sem credibilidade, resultado de um processo de autodestruição ética da grande mídia brasileira.


* Nota ao leitor sapo: Não votarei no Lula no primeiro turno, devido a inúmeros motivos que fizeram estes quatro anos de governo serem diferentes da esperança depositada a quatro anos atrás. Contudo, não admito que esse tipo de golpismo midiático possa acontecer de forma tão insolente, sem que a população tome algum tipo de atitude.
Boicote?
Pesadelo Vejista!

22 setembro 2006

Estrada Tortuosa, Caminhos Utópicos e Desejos Infames.

Vem despertar o desejo infame,
Enquanto a fama ainda é só desejo.
Vem desfrutar do que é teu,
Porque o que é meu nunca teve dono.

Vem enganar minha astúcia,
Fingindo ser sábia enquanto erramos.
Vem confundir meus princípios,
E em meio ao caos, ser o meu doce fim.

Recuso-me a desistir. Recuso-me a fugir.
Espero, o quanto for preciso, mas venha.
Não importa quando, muito menos onde.

Venha, e ao enganar-mo-nos por hoje,
Esqueceremos os deslizes de outrora,
E imortalizaremos a verdade utópica do amanhã.

21 setembro 2006

Caminhos Reais

Quem disse que eu queria encontrar a perfeição?
Sempre acreditei que um sonho pode ser plausível, desde que sonhado com a mesma intensidade.
Terei que ressaltar mais uma vez que não sou príncipe. Sou sapo com muito orgulho de não fazer parte da realeza sonhadora.
“ Quando dizem que sou sapo, eu afirmo que ainda tenho muito a aprender neste brejo insano, chamado vida”.
E aprendo com os erros que exponho.
Não é fácil dizer não aos convites inesperados que aparecem em noites de reclusão. Mas digo. Se existe um confronto de interesses, não há sentido dizer sim.
Os sentimentos precisam existir, da forma mais natural, intima e acolhedora.
Se for pra me chamar pelo nome, nem me chame. Apenas me chame quando sentir aquela vontade incontrolável de me chamar com carinho, ou quando sentir saudades de mim, logo depois que nós dissermos adeus.
Realmente existem coisas cruéis. Isto é fato.
Mas talvez, a maior crueldade deve ser a de não permitir que as pequenas coisas aconteçam naturalmente, afinal são elas que nos guiam através de caminhos imperfeitos e, acima de tudo, reais.

20 setembro 2006

Entre as Ruínas

Eles sabem o que vai acontecer, e mesmo assim não se desgrudam. Sofrem juntos.
Seus corpos há muito tempo deixaram de existir em pluralidade, formando um ser anatomicamente perfeito.
Único.
Ele, inseguro e arredio sente que aquele abraço é o último, que todos os afagos e palavras sussurradas serão as últimas, que o próximo beijo, por mais infinito que seja em sua essência, será o último.
Ela, enxuga a última gota de lágrima que cai de seus olhos. Jamais terá a oportunidade de sentir um confronto maior de qualquer tipo de emoções em sua mente, proporcionando assim aquela tradicional sensação de insegurança.
Ambos estão seguros de si. E, de fato, seguros do que o destino tem reservado para suas cansadas vidas.
Um primeiro estrondo os assusta, mas não os desencoraja.
As primeiras prateleiras começam a despencar, tal como um dominó sincronizado, e se esbarram nas ruínas.
Alguém do lado, desesperadamente começa a rezar seu credo, já sabe que não existe mais volta. Não existe mais redenção.
Abafado pelo alarido interno do prédio, o barulho das sirenes do carro do corpo de bombeiros, mal consegue penetrar as frestas das paredes, que continuam a desabar lentamente, numa dança cadenciada e letal. Certamente, o último ato.
A pequena criança que acabara de ver a mãe falecer, já não tem mais forças para clamar por socorro e mesmo ao ouvir voz distante do bombeiro, não esboça nenhum sinal de reação. Inerte. Apenas observa as pessoas que se despedem em meio ao desespero, mas se concentra no casal, pois ali está a sua tranqüilidade, sua paz de espírito.
Ao verem a criança, relembram-se das diversas tentativas frustradas de gravidez e da perca prematura do único teimoso que ousou colocar os olhos nesse mundo.
Teria vez o filho do amor em um mundo tão hostil?
Não, claro que não!
Eles tinham a exata certeza disso, mas olharam nos olhos daquela criança, que mesmo distante ainda conseguiu murmurar uma palavra: “paz”.
Provavelmente, ela quis dizer pais em alusão aos entes que acabara de perder, mas o pano de fundo daquela situação, não deixava dúvidas: Paz. O menino queria paz. Os que sucumbiam queriam paz. Os bombeiros queriam paz.
Entre as ruínas do local, o casal, teimoso e inconseqüente quis mais.
Um último estrondo, um último abraço, um último beijo, contemplaram a paz daquele conflituoso momento, no qual a certeza de um amor sereno abraçou a felicidade.
Eles sabiam o que ia acontecer, e mesmo assim não se desgrudaram. Sofreram juntos e soterrados encontraram a eternidade.

19 setembro 2006

Cansado

Jamais entenderás.
Talvez nem mesmo eu entenderei.
Em meio aos conflitos, à impaciência, às quedas e doenças, a cabeça cansada e confusa ainda discerne pequenos códigos que voltam a ser estímulos verdadeiros do coração.
Viver em busca de um amor sempre é complicado, mas quando desistimos de encontra-lo e contemplamos a inércia de uma ação vazia, não fazemos nada além de contemplar a clichê “arte de amar”.
Quem foi que disse que amar é uma arte?
Amar é um martírio sacro, pelo qual a alma transcende os pecados da carne e encontra a paz de espírito após o primeiro beijo.
Não existe arte nesta dor, apenas a certeza de que nesta batalha, não existem vencedores.
Somos todos vencidos pela esperança, e de beijo em beijo, de brejo em brejo, de doença em doença, confabulamos nossa solidão e carência.
Cansado de explicar.
Cansado de não encontrar explicação.Cansado de jamais entender o porquê de ainda ser feliz assim, por mais efêmero e conflituoso seja esse sentimento.

04 setembro 2006

Apenas uma frase.

"Uma luz que transcende toda a delicadeza de um gesto. Não. Ela não está apenas de bruços. Ela debruça seu encanto, singela e tranqüila. Mesmo não vendo seus olhos, percebo o quão suave seria se estivesse ao seu lado. Não estou. Mas à distância, um desejo mais forte que a razão, se faz real, tal como uma pequena caixa azul, que guarda todos os nossos sonhos, inclusive os que não deram certo”.