01 abril 2008

O Moço e o Mar

Não é com este barco que deves navegar.
Se o mar praguejar ondas em ti, lembre-se:
Ele apenas exerce seu direito sobre a maré.

Se o estômago embrulha, devolva o presente;
Faça cara de desentendido. Se lance ao sal.
Tire do corpo a camada áspera. Deixe resquícios.

Sinta-se um bife à milanesa. Não um filé.
Talvez um pescado. Mas não uma carne nobre.
Nem pescado. Sua carne é vermelha na essência.

O sangue que pensou em derramar, e não o fez;
Preguiçoso demais para tais sacrifícios.
Nunca levou nada ao altar. Nada e ninguém.

Jamais se alucinou, não fará cerimônias.
Atribulado e incorreto, apenas quer o mar.
Mas será que sobrevive à próxima tribulação?

Não conhece o mar, não conhece o barco.
Outrora, ouviu lendas e contos de marinheiros.
Mas não há sereia que encante a realidade.

Um comentário:

Paulinha Barboni disse...

Para quem não conhece e tão pouco viu o mar, valem e muito as historias. Senão, pobre deles, que seria dos pescadores?

Saudade.
beijo