11 abril 2008

Campana Feita

Inseguro, fez campana à espera de uma resposta.
Comeu palavra, costurou tempo, despiu-se aflito.
Na janela, o horizonte turvo, insolente, nada diz.
A sofreguidão, não arrebatou nenhuma angústia.

Decerto, já é hora de acender a luz, um cigarro.
Dobra a esquina, como dobrara outrora os joelhos.
Não sente mais as dores, nem os calos, nem nada.
Concentra-se apenas em uma resposta soberana.

Não pergunta mais. Tem medo de gerar polêmicas.
Já foi inquisitivo por demais. Chegou a hora de calar.
Cala o coração, a alma, os ouvidos, os olhos, a boca.
Cala a chama de sua existência. Entrega-se ao silêncio.

Este, de quando em quando, vem e lhe dá conselhos.
Talvez seja pouco, pois já não tem mais o que perder.
Já nem sente mais insegurança. Maduro, sai do abrigo.
Campana desfeita, resposta ascendida, rumo ao norte.

Uma passada no sul, para rever a saudade. Doce saudade.
Segue em frente. Vê ao seu lado quem olha pra trás.
Dá de ombros e chega a sentir certa pena dos saudosistas.
Diferencia-se deles. Não vive de saudade. Feliz, apenas vive.

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