06 abril 2008

Os Amigos da Augusta

- Levanta logo filho da puta.Cadê a porra da chave?
- Já disse num tá comigo. O Mago veio aqui antes e fez um arrastão. Num deixou merda nenhuma. Até as pílulas ele levou.
- Veado de merda. Caralho, se eu encontro um filho da puta desses na rua, eu estouro meus dedos de tanto socar a cara dele. Você sabe onde ele foi, seu cabaço?
- Não, Johnny.
- Mano, falo sério. Se ele tiver com a porra da chave, vai dar bosta.
- Com a chave, e com todo o resto.
Johnny saiu apressado. Não tinha nenhum respeito. Nunca teve. Se bem que o idiota do Fogueira não merecia muita consideração. Sempre foi um imbecil de renome. Ninguém que caia pros lados da Augusta, não tinha uma história na ponta da língua ridicularizando o pobre do Fogueira. Acho que deve ser por causa do seu jeito meio altista, seu corpo franzino, aquele cabelinho loiro de menino de comercial de loja de brinquedos, ou sua cara de perfeito vacilão.Outros dizem que é por causa da criação. Ou pela falta de criação. Abandonado, foi jogado de orfanato à orfanato até completar a idade de cair no mundo. Lógico que caiu de cara. Não fez nada certo desde sua saída do último abrigo de menores (o nome da instituição não convém aqui). Poderia inventar um nome qualquer, mas num vem ao caso. Diziam que ela era tão azarado, que “seria o primeiro loiro com sina de garoto negro”.
Já o Johnny era o típico bad boy. Sua fama o perseguia, e quando não perseguia, ele fazia questão de voltar atrás e traze-la a força, coibindo qualquer pessoa que estivesse no caminho para atrapalha-lo. Entre a fragilidade e a truculência, estava o Mago.
O equilíbrio do trio de amigos, Mago, era um cara sonhador. Um desses que ainda acreditam nas pessoas. Pior espécie essa. Típicos pacifistas. Intermediadores. Que querem corrigir os que torturam, e fortalecer os oprimidos. Muito patético.
- Tô saindo agora. Tem idéia de onde ele pode ter ido, ô sua bicha loira?
- Então, velho. Acho que ele colou com os malucos da 9 de Julho, aqueles do posto. Ele tava por lá, enquanto os malucos tavam cheirando lá atrás do posto. Na sexta eles chegaram a entrar na DJ, mas parece que hoje o Mago ta meio sem grana. Acho que eles vão ficar ali no bar da Outs mesmo. Se ta ligado que o Mago adora aquela porra de Juke-box, né?
- Sei como é. Então, mas e o carro, porra?
- Acho que tá com ele mesmo. Faz tempo que o Rato num passa e pede a chave emprestada.
- Caralho, só porque hoje eu precisava dar uma transada daquelas. A mina ta louca pra dar. E eu num quero colar com ela atrás da casa dela. Isso é coisa de estuprador. Mano, é do tipo fina, ta ligado? Num dá pra comer em qualquer porra de lugar não. Qualquer dia ela vai chiar e começar a dar pra outro maluco. Ela tem cara de certinha, Fogueira, mas é a maior vadia. Se manja quem é, né?
- É aquela loira gostosona, que você conheceu no madame e pegou o msn?
- Não porra, aquela praga cheirava mais do que eu. E sempre sobrava pra mim. Eu que tinha que pagar o bagulho.
- Ah, tá. Pensei que era ela.
- Não, seu bosta. É a Vanessinha. Lembra, quando a gente tava na festa na casa da Paula, ela deu maior mole pra mim. Só que ela tava com um maluco. Mas deu pra ver na cara dele que era o maior jão. Eu fiquei meio cabreiro no começo, mas depois mandei um foda-se. Enquanto ele tava lá embaixo, eu fiquei com ela lá perto do som. A gente entrou no banheiro e eu mandei uma dedada nela. Você tinha que ver. A mina já veio se abrindo. Na hora eu percebi que era transeira. Ela veio pra me chupar. Mas aí, a Luana tava na porta e deu um toque. Saiu toda descabelada. Eu fiz uma média, depois sai de boa.
- Porra, então a mina é dessas.
- Cara, lógico que é. Engana bem, né não?
- Só, velho. Eu achava que ela namorava a sério o Ricardo.
- Que nada. Aquele ali é um troxão.
- Mas aí, tentou ligar pro Mago já?
- Lógico, porra. Só dá caixa postal. Acho que vou ter que chamar a Vanessinha pra cá. Vai ter que vazar, hein?
- É. Sempre sobra pro idiota do Fogueira...


Continua...

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