23 março 2006

Devaneios Degenerados

Primeiro Devaneio – A injeção

Não remunerado , o impostor segue os primeiros passos da escuridão, que custou a aparecer após toda aquele pífio sentimento reluzente, que ludibriava as fronteiras do conhecimento, e se embasava no empirismo puro, destruindo qualquer pacto com a razão. Ouve a chuva tilintar na janela de seu quarto, tal como moeda em bolso de bêbado traído em busca de uma noite de porre escapista. Vê as primeiras gotículas transgredirem as frestas que o protegem do mundo lá fora. A água escorre pela parede branca, mais negra de todo bairro. Sua consciência determinou que cada rachadura tem a representatividade de uma pequena cicatriz. E, a cada chuva, a cada nova rachadura, o impostor vai pagando sua dívida com a chuva da vida. O sono não vem, e as reminiscências dão o colorido especial para toda aquela escuridão.Lembra-se do primeiro beijo: um encontro de bocas desencontradas e inexperientes, que com afobação e arrogância, julgavam-se donas das verdades mais abstratas. O abstrato não é verdadeiro, o verdadeiro é concreto. Não existe verdade que resista a abstração e que não se transforme em sonho, após a primeira injeção de palavras subliminares. A primeira hora da madrugada já foi completada, sem que um mísero pensamento pertinente passasse por sua cabeça. Entre as abstrações e suas pseudoverdades, resolve encostar a cabeça no travesseiro que o espera na cama...


Continua...

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