19 junho 2007

Lúcido e Lunático

Lúcido precisa de descanso. Já dissera várias vezes à Lunático, mas ele não o ouviu. É sempre assim, quando pretende algo sério, Lúcido só falta implorar a Lunático para que este lhe dê atenção, mas seu irmão prefere ignora-lo.
Dizem que sempre foi assim. Certa feita estavam estudando a árvore genealógica da família, quando depararam com uma história intrigante na Idade Média. Um Imperador, dissidente de Lunático tinha a autoridade de exterminar seus irmãos. Lúcido ficou embasbacado, e começou a temer por sua vida, pois sempre achou que a indiferença era a maior forma de punição, mas ao perceber que seu irmão gêmeo poderia muito bem aniquilar a sua existência, se fechou em receio.
Lunático, por sua vez era a voz da soberba, e da conquista. Não havia desejo que não retornasse à suas mãos, por meio de realização.
Conquistou tudo que desejou. E não desejou pouco...
Atropelou os princípios de seu irmão, e o viu no chão por muitas vezes, bem como a queda de Constantinopla, o que fez lembrar de seus antecessores.
Lúcido quis tirar satisfações por inúmeras vezes, mas suas bravatas eram dissonantes e nulas, perante o timbre e a força da voz daquele que veio ao mundo apenas poucos segundos após seu nascimento.
Ambos foram concebidos para seguir o mesmo caminho.
Mas um preferiu as trevas enquanto o outro quis encher sua vida de luz.
Resultado: O que tentou encher a vida de luz, foi surpreendido pela escuridão não declarada, que é artifício básico daqueles que vivem para ofuscar a luz. Por outro lado, quem ofuscou a luz, brilhou. Como uma esponja absorveu todos os raios solares que estavam na panela que cozeu o alimento de sua alma amarga. E assim, coseu com pequenos retalhos a destruição de seu lar, a destruição de Lúcido.
E é assim até hoje.
Quando Lúcido tenta ser Lunático, se lembra de sua essência pura e dá dois passos para trás, voltando ao seu refúgio, que o tele-transporta à três passos de seu irmão.Sempre estará na frente, mas ambos precisam caminhar...
Embora, Lúcido precise de descanso.

Um comentário:

Paulinha Barboni disse...

Um tanto quanto necessárimanente complexo!
Mas enfim!
Amei!!
E de Lucido, todos nós somos um pouco...