21 novembro 2007

Rascunhos

Não existem palavras que empulhem o que sinto.Provavelmente, se esconderam ou se acovardaram, graças à preguiça de existir e abraçaram o silêncio.Ao olhar na janela, confronto-me com a noite, que balbucia uma agradável paz.
Era para ser tormento, caos, com pitadas de desilusão, mas o que está na mesa, não lembra os tempos de outrora.Este sabor, que entrou pela janela sem ser convidado, não tem pimenta, não tem fel. É seco.
Pondera, pensa, acalma. Puxa uma cadeira, e coloca no prato a tranqüilidade. Serve-se e lembra que ainda serve para muita coisa.
Toda essa calmaria confunde-se com a nossa racionalidade.Pena que a razão é burra, pois esquece seus princípios dúbios de qualquer simples existência. E não adianta chamá-la de teoria. Não basta comparar ao relativo. Sou mais a emoção que nunca se confunde. Não promete segurança.Foi feita desde os primeiros esboços do tempo, para ser desfeita. Dizem que os artistas são inconstantes e que sempre criam maravilhas.Discordo.
As maravilhas são inconstantes e, sempre destes conflitos, criam-se artistas. Tranqüilos, empulham palavras, e com a alma em silêncio escrevem rascunhos de felicidade.

2 comentários:

Paulinha Barboni disse...

Vou guardar cada palavra.

Anônimo disse...

Empulhar: v. t. Dizer pulhas a; troçar de; lograr; enganar; iludir.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda. A não ser que você esteja redefinindo o significado da palavra, ou pior, reescrevendo o léxico da língua portuguesa.

Ops, eu estou empulhando você.