11 novembro 2007

Notas

A nota que hoje tento tocar, já não tem som. Abafada pelo sopro de esperança, e pelo sol,
perde-se ante a luz, que em ré e na contramão dos sentimentos tolos das melodias de amor
sempre diz as mesmas impugnações sem rumo, os mesmos balbucios e limitações.
Porque o fracasso não é aceito? Será que a sociedade vencedora é a responsável? Vai culpar o capital? A direita conservadora? Por que não admite que foi impotente diante de uma realidade que não era nada sonhadora?
Ser de esquerda, libertário, retrógrado ou apolítico não minimiza a dor de quem ama, ou de quem perdeu um amor em potencial.
A solidão sempre volta e num tem Marx ou Ford que esteja ao lado do travesseiro. A cama continuará vazia. Lágrima ou suor, insônia ou depressão, saudade ou solidão. Não importa: A cama segue em busca de um par.
Ser ímpar o lembra dos tempos de individualidade, da busca incessante pelas coisas que tinha. Era bom aquele tempo em que esquecia dos sonhos e solitariamente pensava nas coisas. O seu materialismo era vital. E esse sentimento pelo ter, que o afastou da besteira que é o fato de acreditar nos relacionamentos humanos.
Hoje não tem nada.
Não tem grana em suas mãos. Não há capital de giro para se reerguer, e muito menos para comprar a sua felicidade.
Sozinho abraça a solidão e reflete.
Sabe que será por uma pequena eternidade, pois nunca deixa que o tempo o espanque e devore a vontade de se reerguer.
E nessa pequena eternidade que minuciosamente recolhe seu orgulho e toca uma canção manjada, que até a noite deixa o sol brilhar sem dó.

Nenhum comentário: