08 junho 2009

A Flor de Ouro


No trono do Imperador não há mais crisântemos.


A lenda dizia que uma única pétala da "flor de ouro" - como é conhecida no oriente - ao ser lançada ao fundo de uma robusta taça de vinho, tornaria afortunado o ser que bebesse daquela dose, proporcionando-lhe uma vida longa, plena e saudável.

Os imperadores japoneses mitificaram esta flor, que foi levada ao país pelos budistas, e se tornaram símbolo da terra do sol nascente, justamente pela ligeira semelhança com o astro rei.

Hoje, a flor de crisântemo pode ser encontrada exposta em qualquer rede de supermercados. Não representa mais o Império japonês, ou a semelhança com o sol.

Não posso julgar também que esta flor perdeu o seu valor. Se não fosse, aliás, por mais uma rodada de compras de guloseimas em uma dessas redes, não saberia a história da flor de ouro.

É estranho, mas temos a tendência de acreditar que as flores douradas nasceram para serem eternas, e que nem mesmo as ações mais vorazes do tempo seriam capazes de diminuir seu brilho e sua intensidade.

Mas as flores não são mais como antes. Os jardins, outrora floridos e cheios de esperança, hoje são apenas a constatação do fim de uma plantação.

O cultivo, por mais sincero e dedicado, não pode ser responsabilizado pela vida ou morte de um crisântemo.

Enquanto isso, o floricultor teima a acreditar que o jardim já começa o preparo de uma nova plantação.
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Para suportar a dor, lembra apenas das sementes de felicidade que um dia plantou.

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