11 julho 2008

Cidade Em Mim

Não queria estar noutro lugar.
Não queria respirar ar puro.
Quero São Paulo.
Te quero, São Paulo.

Sou marginal,
Mas atravesso a ponte.
E, da ponte pra lá,
Não sou benquisto.

A cidade é cinza,
Como os sonhos paulistanos.
Mas não me leve daqui.

Não sou bandeirante,
Não sou desbravador,
Não matei índio.

Sou da prole...
Do Morumbi lotado...
Dos shows no Pacaembu.

Para Interlagos,
Não tenho verba.
De lá, lembranças
Do clube das crianças impossíveis,
Do palco,
Da piscina amarela de urina.

Sou do Capão,
Mas não gosto de mato.
Sou de São Paulo,
E por São Paulo me mato.

E ela,
O que faz por mim?

Nada.

Se fizesse,
Não seria São Paulo.

Além dos prédios,
As nuvens.
Além das nuvens,
A solidão.
Além da solidão,
O trabalho.

A labuta que conforta.
A alienação que abraça o capital.
O capital que sustenta
As primas da casa da tia Augusta.

Aqui, as idéias de Paraíso
E Consolação são clichês.
Se quiser inovar,
Tem que ir além.

Não conheço nada além
Da solidão Paulistana.

Eu não quero ir a lugar algum.
Quero ficar em São Paulo.
Quero ser São Paulo.
Como São Paulo é em mim.

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