08 janeiro 2008

As Horas

Com hora para voltar as palavras não podem ir de verdade.
No máximo passeiam no imaginário, e migram-se vazias.
Quando se assentam, quando pensam que se estabilizaram,
Encontram o vento que as leva de volta ao passado escuro.

Não precisam de luz para sobreviver.Querem apenas a paz.
Subvertem o natural, e naturalmente se apegam ao nada.
Como não crêem, não olham aos céus em busca de ajuda.
Não buscam: ajudam seu ceticismo, como o céu crê na manhã.

Se a aurora trás novas memórias, breve, lembra de esquecê-las.
Se um carro a atropela, no dia seguinte agradece ao motorista.
Joga o número da placa fora, e desenha um esboço de paraíso.

Lembra que não sabe desenhar. Não sabe fazer arte. Mas articula.
Move-se para a direção contrária, e se abana com os raios de sol.
Um dia clareou e confortou. Hoje, tem hora marcada para brilhar.

2 comentários:

Lisa Marques disse...

"Se a aurora trás novas memórias, breve, lembra de esquecê-las."


é, melhor ficar com as antigas...

Paulinha Barboni disse...

Eu falo do tempo e você das horas!
Lindo!
beijo