05 março 2007

Parada Cardíaca

Ela queria apenas mais uns dias para pensar.
Refletir, ter em mente a certeza de que estava fazendo a melhor escolha.
Pensou, e após aquela semana de angústia, chegou a uma conclusão: deveria ficar sozinha.
Fumou um cigarro, tragou-o como quem suga seus pecados e arrependimentos, e da janela de seu quarto começou a arquitetar a forma mais simples de dizer tudo que iria acontecer a partir daquele momento.
Mas a grande verdade implícita consistia em dizer a ele tudo aquilo que não iria mais acontecer após aquele instante.
Toda essa difícil e contrangedora situação foi resolvida quando, de forma inesperada, o telefone tocou.
Sua saudação não foi cordial como outrora, e até o mais inepto e insensível ser perceberia que algo estava errado.
O cidadão, não tão inepto e tampouco insensível começou a fazer sua apólice de seguros, pois sabia que naquela noite algo fatal iria acontecer ao seu coração.
Os dois conversaram, e polidamente decretaram o fim de uma história que mal começou.

Odeio histórias mal resolvidas!

No mínimo ela já não sente remorso ou arrependimento, pois ele demonstrou total compreensão e não quis forçar uma situação.

Será que não seria a hora dele dizer mais do que realmente sente, para quem sabe solidificar a confiança, ou pelo menos ludibriá-la?

Mas o cidadão não o fez.

Decidiu apenas que continuará errando em busca do acerto e acertando quando faz tudo errado, como por exemplo, quando deixa seu coração ter uma parada cardíaca, e é vencido pela racionalidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

é por não saber o quão explícito seria permitido e não conseguir reunir tantas questões numa fala "tangencial"

e um pouco tb por egoísmo ... um texto, alguns minutos de espanto, depois releitura, depois admiração.

e em seguida outro texto, e outro , e outro ...

me concede ?