10 março 2007

Carinho Virtual

Certa vez ouvi de alguém: "Queria um computador que fizesse carinho, que falasse palavras bonitas".
A princípio acreditei ser apenas mais um momento de carência daquela pessoa. Mas o estranho é que eu nunca me lembrei de um misero instante ao qual ela se sentiu frágil e desprotegida.
Algo estava errado.
Ou ela encontrara em mim confiança para dizer o que é óbvio: que por trás daquela máscara de bravura e determinação, existe um ser confuso e complicado, muito semelhante à quase todos nós; ou ela estava naqueles dias de extrema fragilidade, dias que qualquer reminiscência, provoca o maior estrago em nosso humor.
Depois dessas palavras, pouco mais falou.
Se calou na conversa dela com ela mesma.
Como diria Platão, essa conversa, que também conhecemos pelo nome de silêncio, nos faz encontrar o nosso eu ideal.
Talvez ela esteja em silêncio, porque não quer mais entrar em conflitos com o que te abala ou perturba, ou simplesmente pelo fato de não querer mais falar comigo. Ela tem esse direito. Todos nós temos.
Mas temos o direito também de escapar disso, seja fazendo barulho, seja refletindo com a maior eficácia sobre nossos problemas.Não podemos apenas ficar parados, pois a estagnação nestes casos, nada mais é que um documento assinado por nossa consciência de que temos uma dívida e que estas contas deverão ser pagas com a nossa dor e sofrimento.

Um comentário:

Anônimo disse...

ou ela simplesmente foi tomar banho e não te avisou...

Mas isso soa absolutamente impossível.

Viadinho.