« Não Era Sereno »
Como um mísero e patético erro,
Caiu – solitário – ao tentar me alvejar.
Da ponta dos pés, ao topo do cabelo,
Viveu a queda em desarmonia.
Mais além, descobri que ser patético
Era a arte de ter emoção em excesso.
Fui buscar na queda a rijeza que faltava.
Edifiquei o coração,
Bloco sobre bloco.
O vento tremeu os pilares,
Mas a tempestade cessou.
A obra já poderia ser habitada.
Se a morada estava pronta,
A mobília que chegou era para um só.
Durante o crepúsculo,
Anunciei vaga e bons precedentes.
Em cinco linhas,
Fiz comercial da minha alma
E mandei publicar.
Na aurora seguinte,
Meu futuro estava nos classificados.
« Aguardei Serenamente »
Quando quis fumar, desisti.
Quando fui beber, salivei.
Pensei em sair,
Mas não achei as chaves.
E quando estava desistindo,
O Telefone tocou.
Era uma voz doce.
Não tinha embargo,nem embaraço.
Em mensagem clara e sincera,
Ouvi exatamente o que era desejado.
O quê, por uma vida inteira,
Sempre ansiei:
“Estou pronta para sua paz”
Em um novo amanhecer,
Na cama, lá estava ela.
Feliz e apenas me esperando.
A abracei, fechei os olhos,
E ali começamos nossa eternidade.
« Serenamente »
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