23 maio 2008

A Matriz

Eu sei que por muito menos já seria tempo de não saber de mais nada. Mas continuo, a saber.Um saber desajeitado, desrespeitoso, mas inseguro, sobretudo. Tentei ser mais do que sei, mas não sei se isso é certo. De incertezas a delírios, o caminho se traça, e as traças de um coração fazem troça, pelo simples motivo dele teimar a apanhar. Quando batia, ainda havia razão. Não há mais razão. Somente esboço de raciocínio. Outrora, as informações eram catalogadas e distribuídas conforme o grau de importância. Cada departamento, cada setor, era independente, mas todos eles respondiam a uma central, a uma matriz. À Matriz. Não havia questão sem resposta. Não havia resposta sem satisfação. Os dias nasceram, teimaram, se escureceram. Primeiro a neblina, depois o céu cinzento, a garoa, a chuva constante, os dilúvios, os desabrigados. Talvez seja tempo de não saber de mais nada. A matriz não responde mais.

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