07 julho 2006

Idolatria Desvairada

Como brasileiro é um povo carente de ídolos. Bastou chegarmos a uma Copa do Mundo como favoritos, que passamos a dar como certa a nossa vitória. Nos esquecemos das outras 31 seleções, que tirando umas duas dúzias de figurantes, tinham totais condições de chegar ao título.

Chegamos – e me incluo totalmente nesta afirmação – imaginando que faríamos uma campanha parecida com a de 1958 ou 1970: demos show e vencemos; ou pelo menos ficaria o “consolo” de ser parecida com a geração de 1982 do Mestre Telê, que perdeu, mas que pelo menos deixou saudade.

Nem saudade nem vitória.

A Seleção Canarinho de 2006 foi um fiasco tão grande, que até Lazaroni e seu time “batizado pela água Argentina” de Maradona ficaria constrangido desse desempenho.

Em busca de records e marcas pessoais, um amontoado de bons jogadores (isso deve ser dito, por mais que todos ainda estejam meio céticos), se uniram ou se “desuniram” em prol de uma única ideologia: “Dar espetáculo é vencer”.

Enquanto as vitórias apareciam, o “show” ainda se sustentava, mas bastou um carequinha mágico brilhar e o “clichê sonho do hexa” foi adiado temporariamente por 4 anos.

Zidane brilhou, deu espetáculo, mas jogou sozinho.

Como pode um dos maiores craques do futebol mundial de todos os tempos, ter espaço e tempo suficiente para arquitetar suas jogadas?

Bem, essa pergunta o “Pé de Uva”, como diria Marco Bianchi, não fez questão de solucionar.

Também não respondeu a ausência de Robinho no início do segundo tempo, a insistência em Cafu, a tolerância com Roberto Carlos... Perdemos para uma apatia e displicência que não é nossa.

Felipão, com seu bravo Portugal mostrou que tem sangue nas veias e só não chegou à final, por causa do grande Zizu.

Mas é engraçado como mesmo com tanta apatia na Copa, jogadores como Ronaldinho e Adriano, enfim encontraram forças. Forças que gastaram em baladas, antes mesmo do campeonato acabar.

Não quero ser moralista não, eles tem o direito de fazer o que quiser e quando quiser. A problemática é justamente o momento.

Todo moleque que já bateu uma bola na rua, já sonhou um dia em disputar a Copa do Mundo. Agora quando alguns privilegiados têm a oportunidade de defender as cores da bandeira de sua nação no maior evento esportivo do planeta, mas agem de forma tão indiferente, não há como não perder a vontade de torcer.

Espero que dessa vez a lição tenha sido válida, porque em 2010 a maioria da população terá esquecido a revolta com a Seleção de Parreira e mais uma vez se afundará na idolatria desvairada verde e amarela.

O comercial da Nike protagonizado por Ronaldinho Gaúcho (aquele em que vemos o jogador imitando dribles que dava na infância) termina com a frase: "Nunca cresça". Se for para ter este tipo de atitude, prefiro mesmo uma seleção de homens grandinhos.


Um comentário:

Robson Assis disse...

E eu que estava quase comprando uma corneta. Sorte.

Zidane, bom de cabeça.

Perdemos, de novo, para a Nike. Que não colocou o Robinho, mas deixou todos os 'Joga Bonito' em campo sem fazer nada.

Acho que o títulos dos srs. Nike devia ser trocado por 'amarra-a-chuteira-e-deixa-o-Zidane-marcar-bonito'.

Robas