20 outubro 2008

Desumano?

Não sou policial. Nem civil, nem militar.
Nunca defendi o palácio do governador, nunca tentei invadi-lo.
Não tenho câmera de luz infravermelha, não consigo prever se tem um armário atrás da porta.
Outrora, se dizia que eram os corinthianos os responsáveis pela criminalidade em São Paulo. Hoje, na janela do prédio em Santo André, a camiseta do tricolor paulista. Nem mesmo o preconceito joga no mesmo time.
Penso em organizar as idéias, estou no ônibus.
Em pé, no ônibus que se despede da Avenida Paulista, a elite branca divide espaço com a miscigenação caricata de nosso país. Mulatos, mamelucos, caboclos, todos observam os pálidos senhores, e as belas meninas de cabelos lisos descerem nos pontos mais próximos do centro. Meia hora depois, ao chegar ao Terminal Santo Amaro, me deparo apenas com a diversidade de rostos marrons.
Ali, poucos se importam com quem tinha razão entre as polícias.
Wall Street?
É de comer?
Deve ser lanche novo do Mccâncer. Talvez a unanimidade burra de todas as camadas sociais.
A elite branca acaba de chegar em casa com segurança. Acompanham na televisão os mercados neoliberais que pedem socorro ao Estado, as polícias que entram em conflito entre si e os crimes passionais que comovem o país.
Enquanto isso, o povo miscigenado e cansado, ainda pega trânsito na lotação.
Desumano? Talvez.
Mas em meio a toda essa bestialidade, dificilmente a humanidade continuará a ter espaço para abrigar seres humanos.

Um comentário:

Robson Assis disse...

quando quiser mexer no blog liga nois, fio!

terminei o meu.