22 dezembro 2007

Criadores

Quando o criador sente que perdeu sua obra para o mundo, tira alguns minutos em seu canto, encosta os dedos sobre as pontas de cada fio de cabelo, e, inquieto, respira e se põe a refletir.
Tranqüiliza sua mente ao ver o sorriso em sua obra.
Não importa se é sincero ou não. Sabe que é um sorriso.
Ele que já viu, por tantas e tantas vezes, a expressão da derrota na face de sua obra-prima, sabes que chegou uma nova etapa.
Mais uma vez não pensa o quão duradoura será esta empreitada, apenas a respeita.
Se a felicidade pede para habitar outro lar, não importa mais nada. Deixa que ela o habite.
Não se trata de derrota. Apenas segue a ordem natural das coisas.
Confessa que quando fica ausente de seus sonhos, se distancia do avesso que um dia foi proposto.Sem prosa, sem poesia, sem linguagem, não passa de espera por uma nova sintonia.
Dá alguns passos.
Pára num bar celestial...
Bebe todas as águas como se fossem cervejas;Grita como se fosse a última vez que sua voz fosse sair;Canta como se fosse um pássaro sabiá... E olha para o rio...Como se ele realmente fosse perfeito...
Quase não enxerga os peixes.
Continua a acreditar que o sorriso é o mérito a voz de sua obra: doce e racional. Ácida e sentimental. Decidida e carente. Virtuosa e Dolorida.Mesmo assim, descobre que o verbo não faz mais parte de sua poesia.Mas não se intimida.
Esquece os erros, saúda a tua conquista e em uma prosa que continua a ser escrita, compartilha em silêncio a tua merecida alegria, afinal, já sabe quem és tu, criatura.

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