20 setembro 2007

Bomba sem Relógio

Gostaria de ser uma bomba-relógio.
Ter hora exata para explodir, e fazer com que o esquadrão anti-bombas se prepare devidamente para aliviar meu coração.
Mas nem isso eu posso.
Não posso alarmar, ou ao menos deixar aviso de que não estou bem. Tenho que ser forte, pois não haverá quem faça a opção pelo fio vermelho. Vai que era para contar o fio azul?
Tenho que seguir, me levantar, esquecer de que em poucos minutos atrás eu tinha plena consciência.
Vejo o mundo rodar, ouço um forte zunido e apago.
Por poucos segundos ainda reluto, mas em seqüência desvaneço, e acordo com uma dor enorme e um sentimento de que mais uma vez fui vencido por um mal que não tem pressa em se dissipar.
O corpo dói, e após a escuridão tenho que confabular, por mais uma vez, a esperança de que tudo ficará bem. Mas, sinceramente, não estou crédulo disso.
Cansei de ser um campo-minado.
Os passos que dou, já não dependem de mim.
Por mais que eu acredite que está tudo bem, por mais que eu me resolva, por mais que as coisas comecem a progredir e eu não deixe nenhum imbróglio disperso, eis que surge uma bomba. E eu piso, sem saber o porquê.
Explosão certa...
Peço a quem tem fé em Deus, aos céticos, aos que me amam e até aos que me odeiam, que orientem sua crença para que eu não seja obrigado a explodir. Lógico, quem tem raiva talvez queira mais que eu me exploda mesmo, mas se for possível, esperem para que eu me levante, vençam com dignidade, não se favoreçam de quem está no chão, indefeso.
E é com essa sensatez que procuro forças, não sei de onde, para mais uma vez me erguer.Em pé, quero mostrar ao mundo que não mereço essa situação, mas se o mundo quer mesmo que eu mereça, que ao menos instale em mim uma bomba-relógio eficaz.

Um comentário:

Unknown disse...

A saudade é como se fosse uma bomba-relógio, explode no peito e dói.

E é isso q eu sinto qdo penso em vc.

Te adoro!