Contráriando às recomendações do Doutor Ferraz, Almeida enfim pôe os pés na rua.
Em pleno estado de repouso, guardando vigília, se cansa da rotina de doente e resolve dar um passeio breve na orla. Mal sabe que não seria tão breve assim.
Ainda cheirando ao álcool de farmácia, entra no bar e substitue o composto: sai o cheiro que por uma semana foi seu único companheiro, e entra em seu corpo o cheiro de álcool etílico, seu companheiro de toda a vida. Não poderia trair seu fiel amigo.
Caça uma moeda de cinquenta centavos para pagar a dosinha. Procura e o suador começa a exalar pelo seu corpo o líquido de sua vergonha.Muitos bolsos para pouco dinheiro, muito suor para pouco trabalho, muitos anos trabalhados para poucas conquistas.
"Ah, Joana..."
Aquele corpo moldado por Deus em dia de inspiração, realmente causou estrago na alma surrada de Almeida.
Sai, mas antes pega um côco para dar uma salvada. Quem aguenta um calor de trinta graus? Um enfermo?
Transpira feito um condenado, mas não perde a chance de atravessar o calçadão.
Pensou que nunca mais iria colocar os pés na areia da praia. Turrão e obcecado, recebe o presente que tanto aguardou: A visão da Praia Saudade.
"Que praia maravilhosa!" exclama ao seu coração, como se fosse um murmúrio.
A Praia da Saudade é relamente explêndida, mas em breve, Almeida descobrirá o real sentido daquele pedaço de perdição.
Continua...
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