27 outubro 2006

Abraço

Toda a vontade que tens neste instante, ainda é pouco perante o desejo que tu esqueceras na noite de ontem.
Cansei de te lembrar que desejo não se esquece, se aquece.
Mas não é isso que quero agora, deixo claro em linhas obscuras que preciso de paz. E desejar você é o maior dos conflitos. Estar contigo, nem pensar... bélico demais. Chega de fogo.
Quero alguém diferente.
Alguém que conduza o sonho, e que não ligue para o tempo, nem para as palavras. Que seja mais forte que uma brisa, menos intensa que um vendaval e tão suave quanto à calmaria de um abraço.
Mas que abraço é esse que é absolutamente inconstante?
Triste quando a alma percebe que o corpo faz coisas diferentes de sua essência.
Escapismo válido, quando é dosado, claro.
Mas e quando nos embriagamos em porres degenerados?
Não faço a mínima idéia.
Chega de tentar encontrar respostas para tudo.
Um brinde ao degeneralismo, um brinde aos lesados, um brinde às incertezas que corroem a alma, destroem o corpo, mas que nos deixam felizes por uma noite.
Quanto à paz?
Um dia ela me abraça.

20 outubro 2006

"Uma brisa conduz um sonho, mas se o tempo impedir que as últimas palavras sejam ditas, deixe a calmaria te abraçar".

12 outubro 2006

Como é ...

De onde será esse prefixo?
Uma ligação não atendida. Mas num faço idéia de quem possa ser...
Pergunto a um anjo. Mesmo com certa dúvida, acredita que seja de Belo Horizonte.
Pronto não há mais hesitação: É de Minas o tal telefone.
O anjo me conforta, mas o telefone volta a tocar. O mesmo telefone. Chega a hora da verdade.
Talvez seja um engano e eu tonto que sou, me preocupo por antecipação e equívoco.
Anda atende logo... Cria coragem rapaz!
Ao lado esquerdo da estante começo a desvendar o primeiro mistério.

- Alô, é o Ricardo?

- Opa! Quem fala?

- Então Ricardo aqui é o João Pedro. Tô sabendo que você anda trocando uns e-mails aí com a minha namorada a Marisa. Cara, li umas paradas lá e num gostei nadinha. Na boa, acho que é melhor vocês pararem com essa conversinha antes que ela fique confusa. Sabe quero um namoro tranqüilo.


- Tranqüilo velho, mas tem uma coisa: faz tempo que a gente só conversa como amigos e nossos e-mails são de uma periodicidade de quase um mês. Ela demora pra caramba pra responder. Pode ficar sussa.

- Valeu, valeu. Só isso que queria saber.


- Ah, mas só que tem um detalhe: não vai ser uma conversa telefônica que vai me impedir de fazer o que quero, muito menos vai fazer com quê eu esqueça de todos os momentos aos quais a Marisa fez parte. ( desligo o telefone)

Bem, acho que depois dessa conversa um tanto quanto amigável ele num vai mais me perturbar.
A insegurança é dele. Eu estou quase do outro lado do Brasil e o cara vem me encher o saco.
Talvez tenha exagerado um pouco na dose, mas sou passional demais. Tão passional que ainda tive a pachorra de mandar um último e-mail a ela, com o endereço dele em anexo, já que ambos vêem as mensagens.
Disse tudo: deixei bem claro que não me arrependia de nada, mas que estava me afastando para deixa-la em paz.
Tomara que ela encontre, porque merece demais.
Ambos podem ter brigado por minha culpa, mas não era essa a minha intenção. Aprendi que mesmo não sendo ele, posso ser feliz aqui. Dou risada desses momentos inusitados.E descubro como é imprescindível manter a confiança em nossas capacidades e limitações, pois ao confiar em nossos sonhos, geralmente somos traídos por nossa própria insegurança.

09 outubro 2006

Ensaio

“Some daqui.
Qual a parte do “acabou” você não entendeu?
Quer que eu desenhe e coloque um anúncio com letras garrafais na frente do seu apartamento?
Se é esse o problema: faço com o maior prazer!
Fique em paz com a sua mediocridade de sempre. Mas fique em paz enquanto é tempo.
Não tenho interesse em saber com quem você está, quais são as novidades, ou quando você lembra de mim. Nada disso me interessa. Entende?
Dá o fora! Simples assim.
Antes achava que tinha ódio de ti.
Hoje, percebo que tenho pena.
Seus atos mesquinhos, suas palavras arrogantes não pertencem mais a mim. Não condizem com o desprezo que sinto nesse momento.
E não adianta ficar com essa cara de espanto não. Você procurou isso.
Quantas vezes será necessário provar que não temos mais nada?
Sinceramente, cansei disso.
Isso.... Vá embora.
Ao perder se tempo aqui, você apenas me fortalecerá.
Olha, sei que não é fácil para você ouvir tudo isso, mas pode ter certeza :para mim tudo isso não passa de um deleite. E ainda é ínfimo perto do que você me fez passar.
Nunca achei que ia amar o meu jeito de te odiar”.

Ele chega...
Ela tenta balbuciar algo...
Mas um simples sorriso do maldito, a faz esquecer de tudo que acabara de ensaiar em frente ao espelho.Na cama, esquece de todo o ensaio, pois agora é hora de odiar o seu jeito de amá-lo.

06 outubro 2006

Gotas de Insatisfação

Chove.
Seus olhos descortinam o tédio debruçado na janela, como se esperasse alguém para o jantar. Não está a espera. Só existe espera.
Após olhar fotografias antigas, reluta em abrir a caixa daquelas manjadas cartas de amores antigos. Porque não rasgou tudo, ou queimou quando estava tomado pela ira?
Na prateleira, CDs que ninguém mais comprará. Por falar nisso, esquecera de ligar o som do comodismo virtual. Abre a mídia. Pronto já tem um background.
A trilha é melancólica como seriam suas palavras, se hoje tivesse a oportunidade de compartilhar com alguém.
Lembra-se que existem várias maneiras de compartilhar sua solidão. Nenhuma delas é o suficientemente atrativa no momento.
Telefone... não!
Sair... não!
Janelinhas piscando...não!
Ler um livro e conversar com a sabedoria...não!
Ignorante e sem prumo volta à janela, debruça-se novamente e observa a chuva caindo, caindo, escorrendo e se perdendo.
Se perde no conhecimento vago daquilo que não viveu.
Inepto.
Tentou explanar o que sentia várias vezes, mas nunca conseguiu. Volta ao seu habitat noturno. Vê um sonho em 14 polegadas e uma página na qual tenta esmiuçar palavras pretensiosas.
Certa feita, disseram que estas palavras eram “chiquetosas” demais. Bobagem pura. Tudo é tão corriqueiro, que sem perceber começa a utiliza-las de forma natural, já não sabe mais o que é coloquial e o que é formal.
Sabe que apenas a chuva continua e a música termina.Sabe que as palavras não passam de consolo. Esquecê-las, nem quando a chuva acabar, nem quando a satisfação voltar.

01 outubro 2006

Perfil III

Lembra?


“Um simples cara complicado, buscando o equilíbrio, sempre desequilibrado. Aquele que não sonha em ser feliz, porque já é feliz em sua realidade sonhadora”.


Cada vez mais simples...

Cada vez mais complicado...

Cada vez mais desequilibrado...


Tudo isso me confunde, pois não sei quando estou acordado e quando faço parte de um devaneio feliz.


Sendo assim, que tal conviver com essa felicidade e esquecer um pouco daquele medo que impedia o encontro com a serenidade?


Lembra?


Se não lembras, vem se perder comigo...