26 julho 2006

Sinceramente...

Não quero explicar sensação alguma: quero sentir.
Não devo entender problema algum: devo mesmo me complicar.
Não preciso ser forte o suficiente: preciso às vezes chorar.
Não vou ser o homem da casa: vou viver sem lar.
Não quero desvendar nenhum mistério: quero ficar longe das respostas.
Não pretendo escrever nada relevante: mas irrelevante não mais serei.
Sinceramente, não queria ser feliz, mas agora, eu sou.

10 julho 2006

Carta Marcada

Entre calúnias e injúrias proferidas pelos lábios do tempo,
Ecoa a exatidão de que a verdade é o espólio deixado
Para quem se arrisca em busca da subversão
Das mazelas que a ilusão nos oferece a cada manhã.

Todas as tribulações não passam de um jogo.
No qual analisamos os instintos que nos pertencem,
E como uma carta rejeitada, descartamos todas as incertezas,
Pois a insegurança, não passa de uma carta marcada.

Na manga, temos apenas a dor de quem já foi o próximo,
E que não quer esperar novamente uma rodada para
Sentir o prazer de jogar e apostar outra vez.

Na mesa, a esperança de um blefe verdadeiro,
Que enganará o tempo, cerrando seus lábios,
E, entregará em suas mãos o mérito da trapaça.

09 julho 2006

Careca Explosiva

E eu que imaginava que este post estaria repleto de reverencias ao “grande mestre”, ao “mágico”, ao “magnífico” Zidane...
Da mesma forma que desabafei ao tratar do caso Ronaldinho Gaúcho/Balada, acho justo depositar aqui toda minha insatisfação, por mais que saiba que esta não valerá nada, pois daqui alguns meses, ambos estarão desfilando sua “magia” nos comerciais da Nike ou da Adidas.
Mas como eu quero mais é que ZIDANE, eu falo mesmo.
Aquela que poderia ser a maior despedida de um craque de futebol de todos os tempos tornou-se o mais vexatório, humilhante e insosso adeus.
O grande maestro não soube reger a sua obra final e o som que se ouviu, foi o de uma melodia estranha, um ruído, que se eternizou com uma senhora vaia.
As mãos que tanto esperaram para bater palmas para Ronaldos, Zidanes, Kakás, se silenciaram, e discretamente acenaram para a África do Sul, onde quem sabe a magia tão esperada pode voltar aos gramados mundiais.
Será uma engraçada discrepância, pois a quarta economia do planeta teve um futebol escasso de riquezas e inovações. Em contrapartida, fica a esperança para que a Copa “que colocará os olhos do mundo na África” devolva a riqueza perdida do futebol, em uma terra que é conhecida mais por sua miséria do que por suas virtudes.

07 julho 2006

Idolatria Desvairada

Como brasileiro é um povo carente de ídolos. Bastou chegarmos a uma Copa do Mundo como favoritos, que passamos a dar como certa a nossa vitória. Nos esquecemos das outras 31 seleções, que tirando umas duas dúzias de figurantes, tinham totais condições de chegar ao título.

Chegamos – e me incluo totalmente nesta afirmação – imaginando que faríamos uma campanha parecida com a de 1958 ou 1970: demos show e vencemos; ou pelo menos ficaria o “consolo” de ser parecida com a geração de 1982 do Mestre Telê, que perdeu, mas que pelo menos deixou saudade.

Nem saudade nem vitória.

A Seleção Canarinho de 2006 foi um fiasco tão grande, que até Lazaroni e seu time “batizado pela água Argentina” de Maradona ficaria constrangido desse desempenho.

Em busca de records e marcas pessoais, um amontoado de bons jogadores (isso deve ser dito, por mais que todos ainda estejam meio céticos), se uniram ou se “desuniram” em prol de uma única ideologia: “Dar espetáculo é vencer”.

Enquanto as vitórias apareciam, o “show” ainda se sustentava, mas bastou um carequinha mágico brilhar e o “clichê sonho do hexa” foi adiado temporariamente por 4 anos.

Zidane brilhou, deu espetáculo, mas jogou sozinho.

Como pode um dos maiores craques do futebol mundial de todos os tempos, ter espaço e tempo suficiente para arquitetar suas jogadas?

Bem, essa pergunta o “Pé de Uva”, como diria Marco Bianchi, não fez questão de solucionar.

Também não respondeu a ausência de Robinho no início do segundo tempo, a insistência em Cafu, a tolerância com Roberto Carlos... Perdemos para uma apatia e displicência que não é nossa.

Felipão, com seu bravo Portugal mostrou que tem sangue nas veias e só não chegou à final, por causa do grande Zizu.

Mas é engraçado como mesmo com tanta apatia na Copa, jogadores como Ronaldinho e Adriano, enfim encontraram forças. Forças que gastaram em baladas, antes mesmo do campeonato acabar.

Não quero ser moralista não, eles tem o direito de fazer o que quiser e quando quiser. A problemática é justamente o momento.

Todo moleque que já bateu uma bola na rua, já sonhou um dia em disputar a Copa do Mundo. Agora quando alguns privilegiados têm a oportunidade de defender as cores da bandeira de sua nação no maior evento esportivo do planeta, mas agem de forma tão indiferente, não há como não perder a vontade de torcer.

Espero que dessa vez a lição tenha sido válida, porque em 2010 a maioria da população terá esquecido a revolta com a Seleção de Parreira e mais uma vez se afundará na idolatria desvairada verde e amarela.

O comercial da Nike protagonizado por Ronaldinho Gaúcho (aquele em que vemos o jogador imitando dribles que dava na infância) termina com a frase: "Nunca cresça". Se for para ter este tipo de atitude, prefiro mesmo uma seleção de homens grandinhos.